terça-feira, dezembro 20, 2005

CAPÍTULO I - A Criação do Universo, por Wagner Teso

“E Deus começou do começo...”
No princípio, Deus tava sozinho, sem nada pra fazer, numa pequena sala escura e vazia. Na verdade, não era só uma sala. Era um quarto e sala bacana, em alguma parte do universo, que ainda não existia. Eis o problema pra Deus: se o universo não existia, como é que Ele podia estar nele. Aí Ele pensou: “por que as coisas são assim?”. Foi por isso que disse pra luz: “Luz, vai fazer alguma coisa!”. E a luz fez. Depois Ele disse para um casal de gansos que passava por ali (que também ainda não existia): “casal de gansos, faça alguma coisa”, e o casal de ganso fez. No tapete persa de Deus. E Deus ficou furioso. E rodou a baiana. Isso ficou conhecido como Big Bang. O universo inteiro soube do grande acontecimento: igual à queima de fogos em Copacabana, na virada do ano, essa explosão primordial foi um sucesso, expandindo o universo, fazendo com que Deus começasse a achar que tinha jeito pra coisa, ainda mais depois que ter sido capa da Times e da revista Caras.
As estrelas surgiram primeiro. Com vários tamanhos e formas: estrelas redondas, quadradas, pontiagudas, de todas as cores... Deus achou que isso seria suficiente e descansou por alguns meses. As estrelas, na verdade, não eram conhecidas por esse nome. Deus não era muito bom nesse negócio de dar nome às coisas. Sabe como é, dar nome é um saco, ter que pensar nas possibilidades... Ele até comprou um livro chamado “mil nomes para o seu bebê”, mas não achou nenhum que o agradasse. Dizem que as estrelas quase foram batizadas com o nome de Joseclir, mas não há provas concretas sobre isso. Deus perdeu um bom tempo, pensando e pensando muito consigo mesmo: “como eu vou chamar essas coisinhas que brilham?”. Até que um dia, chegou à conclusão de que “estrela” era um nome jóia, bacana. Não me perguntem o porquê da escolha, pois eu não sei. De qualquer maneira, é melhor chamarmos as estrelas de estrelas, ao invés de apontarmos para o céu e dizermos “olhar aquele Joseclir! Que bonito!”. Com o decorrer dos anos-luz, as estrelas começaram a reunir-se nos finais de semana para fazer as unhas e colocar a fofoca em dia. Esses encontros ficaram conhecidos como constelações. Algumas delas eram muito nervosas e explodiam fácil, fácil, entrando em colapso, depois sumindo... as estrelas desapareciam e não mais davam notícias. Nunca mais...
O tempo passava e Deus estava impaciente. Como não havia ainda programas de auditório, O Todo-poderoso era obrigado a ficar olhando para as estrelas e até achou legal fazer isso no começo, mas a verdade é que ele tava começando a ficar de saco cheio de ficar lá, sentadão com seu saiote branco, vendo aquele monte de pontinhos brancos piscando...
Agora que a luz iluminava todo o universo, ficou fácil perceber que havia várias coisas que precisavam ser feitas, coisas pra preencher o seu grande vazio. Quando digo “seu grande vazio”, que fique bem claro que eu me refiro ao “grande vazio do universo”, fui claro? “Algo deve ser feito”, Ele pensou. E olhou para o casal de gansos, para a luz e decidiu que era melhor fazer tudo sozinho. Então Ele fez, já que Ele era e é Deus. E Deus pode tudo. Criou planetas, meteoros, cometas, Pokémons e mais uma porção de coisas grandiosas e bonitas.
Mas um planetinha chamou a Sua atenção: uma pequena rocha que flutuava no espaço, ao lado de outras, perto de uma estrela que Ele chamava de Sol. Deus se animou tanto, mas tanto, que colocou um pouco de água neste lugar. E Deus viu que isto era bom. Colocou mais água e viu que ficou melhor ainda. Seguindo uma receita de bolo de um livro de receitas velho, colocou mais e mais água. Aí veio a dúvida: Ele queria porque queria colocar o nome deste planeta de Terra, mas ele já havia derramado tanta água, que ficaria meio sem-sentido não chamar a Terra de Água. Mas Deus gastou uma boa grana registrando o domínio de Terra na Internet, por isso também desencanou de mudar o nome. Teve um outro motivo também, mas não vem ao caso, já que tem a ver com grana e Deus não gosta de falar de dinheiro sem a presença de seu advogado, um cara que ele não se dá muito bem e que fica infernizando a Sua vida. Dizem que Deus demorou seis dias para criar tudo e descansou no sétimo dia. Não sei não! Como Deus controla o tempo, cada dia tinha mais de vinte e quatro horas, o que não pode ser contado como dia, porque, na verdade o “dia de Deus” era composto por trinta mil horas e quarenta e seis minutos, com duas pausas para refeições.
O Sindicato dos criadores de universos, fundado e presidido pelo próprio Deus onipotente até que tentou tumultuar, promovendo passeatas em frente da casa do Todo-poderoso, dono da maior multinacional que já existiu: o universo. Deus, como se sabe, divide-se em três pessoas, a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Durante as manifestações, houve um momento único e emocionante, quando Deus começou a gritar: “Deus unido, jamais será vencido!” A imprensa fez uma cobertura completa, abrangente, mas infelizmente não conseguiu chamar a atenção da população pelo simples fato de não existir ainda população. Esta seria a próxima missão de Deus: criar alguém parecido com Ele...
Wagner Teso lembra de tudo o que aconteceu antes do universo começar, mas não se lembra onde colocou a chave do carro.

Não perca a emocionante continuação da história:
Capítulo II : A criação do homem

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