segunda-feira, maio 30, 2005

"Que a Força esteja com você..."




























Guerra nas Estrelas: O mito da sociedade moderna - Daniela Cacuso Bellarde dos Santos

(Clique no título e leia um interessantíssimo estudo psicológico da obra de George Lucas)

Eu sei mas não devia - Clarice Lispector

"Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor.
E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora.
E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas.
E porque não abre as cortinas logo se acostuma
a acender cedo a luz.
E a medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã
sobressaltado porque está na hora.
A tomar o café correndo porque está atrasado.
A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem.
A comer sanduiche porque não dá para almoçar.
A sair do trabalho porque já é noite.
A cochilar no ônibus porque está cansado.
A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.
A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e
ouvir no telefone: hoje não posso ir.
A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso
de volta.
A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.
A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita.
E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar.
E a pagar mais do que as coisas valem.
E a saber que cada vez pagará mais.
E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma à poluição.
Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro.
À luz artificial de ligeiro tremor.
Ao choque que os olhos levam na luz natural.
Às bactérias de água potável.
Agente se acostuma a coisas demais, para não sofrer.
Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá.
Se a praia está contaminada a gente molha só os pés e sua no resto do corpo.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço.
Se o trabalho está duro a gente se consola pensando no fim de semana.
E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.
A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos,
para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que gasta de tanto se acostumar, e se perde de si mesma."

(Clique no título e ouça a interpretação livre de Antônio Abujamra)

Sobre a autora:
A escritora nasceu na Ucrânia, mas viveu no Brasil desde os dois meses de idade. Suas obras mais famosas incluem Laços de Família, A Paixão Segundo G.H. e A Hora da Estrela. Nos textos, Clarice explora a solidão e a incomunicabilidade humana.

Atrás de todo grande homem existe uma grande mulher

"Thomas Wheeler, alto executivo de uma multinacional, viajava com sua mulher por uma estrada interestadual quando notou que o carro estava com pouca gasolina. Ele parou num posto muito simples, com apenas uma bomba de combustível. pediu ao único atendente que enchesse o tanque e verificasse o óleo enquanto ele dava uma volta para esticar as pernas.
Ao retornar para o carro, percebeu que o frentista e sua mulher estavam num papo animado. mas, quando voltava para o carro, ele viu o rapaz acenar e dizer:
- Foi ótimo falar com você.
Ao sair do posto, o marido perguntou à mulher se ela conhecia o atendente. Ela imediatamente admitiu que sim. Tinham freqüentado a mesma escola e ela o namorara por cerca de um ano.
- Puxa, você teve sorte de eu ter aparecido – Wheeler se vangloriou.
- Se tivesse casado com ele, seria agora a esposa de um frentista de posto de gasolina em vez de ser esposa de um alto executivo.
Meu querido – respondeu a mulher -, se eu tivesse me casado com ele, ele seria o alto executivo e você, o frentista do posto de gasolina".

Raras são as exceções...

terça-feira, maio 24, 2005

Visão do Futuro - Mino

"Tão adiante, tão adiante, que quando voltou atrás para analisar o seu passado, viu o quanto estava a frente de seu tempo"

segunda-feira, maio 23, 2005

Tente desafiar Darth Vader



(Clique no título e saiba o por quê ele passou para as Forças do Mal)

Fernando Birri

"A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para caminhar."

quinta-feira, maio 19, 2005

Por você - Barão Vermelho

"Por você eu dançaria tango no teto
Eu limparia os trilhos do metrô
Eu iria a pé do Rio a Salvador
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria à prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Por você eu deixaria de beber
Por você eu ficaria rico num mês
Eu dormiria de meia pra virar burguês
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo o dia a mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você
Por você conseguiria até ficar alegre
Pintaria todo o céu de vermelho
Eu teria mais herdeiros que um coelho
Eu aceitaria a vida como ela é
Viajaria à prazo pro inferno
Eu tomaria banho gelado no inverno
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo o dia a mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você
Eu mudaria até o meu nome
Eu viveria em greve de fome
Desejaria todo o dia a mesma mulher
Por você, por você
Por você, por você"

Pacera, por você eu agüento qualquer TPM. Por enquanto...

Necessidades - Do livro: Histórias de Nasrudin

Assim que o Mullá saiu da mesquita, logo após as orações, um mendigo sentado na rua pediu-lhe uma esmola. A seguinte conversa teve lugar:
Mullá: "Você é extravagante?"
Mendigo: "Sou, Mullá".
Mullá: "Gosta de sentar-se por aí para tomar um café e fumar?"
Mendigo: "Gosto".
Mullá: " Suponho que gosta de ir aos banhos todos os dias."
Mendigo: "Gosto".
Mullá: "...como também talvez se divirta bebendo com os amigos".
Mendigo: "É, gosto de todas essas coisas".
"Chega, já chega", disse o Mullá, e deu-lhe uma moeda de ouro.
Alguns metros adiante, outro mendigo, que havia escutado a conversa anterior, pediu-lhe inoportunamente uma esmola.
Mullá: "Você é extravagante?"
Mendigo: "Não Mullá."
Mullá: "Gosta de sentar-se por aí para tomar um café e fumar?"
Mendigo: "Não".
Mullá: " Suponho que gosta de ir aos banhos todos os dias..."
Mendigo: "Não".
Mullá: "...como também talvez se divirta bebendo com os amigos".
Mendigo: "Não, quero apenas viver modestamente e rezar".
Ao que o Mullá estendeu-lhe uma pequena moeda de cobre.
"Mas por quê", queixou-se o mendigo, "você me dá um tostão a mim, um homem pio e frugal, enquanto dá àquele companheiro extravagante uma moeda de real valor?"
"Ah, replicou o Mullá, "as necessidades dele são maiores que as suas."

quarta-feira, maio 18, 2005

A menina e o pássaro encantado - Rubem Alves

Era uma vez uma menina que tinha um pássaro como seu melhor amigo. Ele era um pássaro diferente de todos os demais: Era encantado. Os pássaros comuns, se a porta da gaiola estiver aberta, vão embora para nunca mais voltar. Mas o pássaro da menina voava livre e vinha quando sentia saudades...
Suas penas também eram diferentes. Mudavam de cor. Eram sempre pintadas pelas cores dos lugares estranhos e longínquos por onde voava.
Certa vez, voltou totalmente branco, cauda enorme de plumas fofas como o algodão.
"- Menina, eu venho de montanhas frias e cobertas de neve, tudo maravilhosamente branco e puro, brilhando sob a luz da lua, nada se ouvindo a não ser o barulho do vento que faz estalar o gelo que cobre os galhos das árvores. Trouxe, nas minhas penas, um pouco de encanto que eu vi, como presente para você...".
E assim ele começava a cantar as canções e as estórias daquele mundo que a menina nunca vira. Até que ela adormecia, e sonhava que voava nas asas do pássaro. Outra vez voltou vermelho como fogo, penacho dourado na cabeça.
"... Venho de uma terra queimada pela seca, terra quente e sem água, onde os grandes, os pequenos e os bichos sofrem a tristeza do sol que não se apaga. Minhas penas ficaram como aquele sol e eu trago canções tristes daqueles que gostariam de ouvir o barulho das cachoeiras e ver a beleza dos campos verdes."
E de novo começavam as estórias. A menina amava aquele pássaro e podia ouvi-lo sem parar, dia após dia. E o pássaro amava a menina, e por isso voltava sempre.
Mas chegava sempre uma hora de tristeza.
"- Tenho que ir", ele dizia.
"- Por favor não vá, fico tão triste, terei saudades e vou chorar....".
"- Eu também terei saudades", dizia o pássaro.
- Eu também vou chorar. Mas eu vou lhe contar um segredo: As plantas precisam da água, nós precisamos do ar, os peixes precisam dos rios... E o meu encanto precisa da saudade. É aquela tristeza, na espera da volta, que faz com que minhas penas fiquem bonitas. Se eu não for, não haverá saudades. Eu deixarei de ser um pássaro encantado e você deixará de me amar."
Assim ele partiu. A menina sozinha, chorava de tristeza à noite. Imaginando se o pássaro voltaria. E foi numa destas noites que ela teve uma idéia malvada.
"- Se eu o prender numa gaiola, ele nunca mais partirá; será meu para sempre. Nunca mais terei saudades, e ficarei feliz".
Com estes pensamentos comprou uma linda gaiola, própria para um pássaro que se ama muito. E ficou à espera.
Finalmente ele chegou, maravilhoso, com suas novas cores, com estórias diferentes para contar. Cansado da viagem, adormeceu.
Foi então que a menina, cuidadosamente, para que ele não acordasse, o prendeu na gaiola para que ele nunca mais a abandonasse. E adormeceu feliz.
Foi acordar de madrugada, com um gemido triste do pássaro.
"- Ah! Menina... Que é que você fez? Quebrou-se o encanto. Minhas penas ficarão feias e eu me esquecerei das estórias... Sem a saudade, o amor irá embora..."
A menina não acreditou. Pensou que ele acabaria por se acostumar. Mas isto não aconteceu. O tempo ia passando, e o pássaro ia ficando diferente.
Caíram suas plumas, os vermelhos, os verdes e os azuis das penas transformaram-se num cinzento triste. E veio o silêncio; deixou de cantar. Também a menina se entristeceu. Não, aquele não era o pássaro que ela amava.
E de noite ela chorava pensando naquilo que havia feito ao seu amigo...
Até que não mais agüentou. Abriu a porta da gaiola.
"- Pode ir, pássaro, volte quando quiser...".
"- Obrigado, menina. É, eu tenho que partir. É preciso partir para que a saudade chegue e eu tenha vontade de voltar. Longe, na saudade, muitas coisas boas começam a crescer dentro da gente. Sempre que você ficar com saudades, eu ficarei mais bonito. Sempre que eu ficar com saudades, você ficará mais bonita. E você se enfeitará para me esperar...".
E partiu. Voou que voou para lugares distantes. A menina contava os dias, e cada dia que passava a saudade crescia.
"- Que bom, pensava ela, meu pássaro está ficando encantado de novo...".
E ela ia ao guarda-roupa, escolher os vestidos; e penteava seus cabelos, colocava flores nos vasos...
"- Nunca se sabe. Pode ser que ele volte hoje..."
Sem que ela percebesse, o mundo inteiro foi ficando encantado como o pássaro. Porque em algum lugar ele deveria estar voando. De algum lugar ele haveria de voltar.
Ah! Mundo maravilhoso, que guarda em algum lugar secreto o pássaro encantado que se ama...
E foi assim que ela, cada noite ia para a cama, triste de saudade, mas feliz com o pensamento:
"- Quem sabe ele voltará amanhã..."
E assim dormia e sonhava com a alegria do reencontro.

terça-feira, maio 17, 2005

Praia de Iracema- por Thadeu Braga











by Thadeu Braga

Ninguém mais namora as deusas!

Por Arnaldo Jabor

"Outro dia, a Adriane Galisteu deu uma entrevista dizendo que os homens
nãoquerem namorar as mulheres que são símbolos sexuais.
É isto mesmo. Quem ousa namorar a Feiticeira ou a Tiazinha? As mulheres
não são mais para amar; nem para casar. São para "ver". Que nos prometem
elas, com suas formas perfeitas por anabolizantes e silicones?
Prometem-nos um prazer impossível, um orgasmo metafísico, para o qual os
homens não estão preparados... As mulheres dançam frenéticas na TV, com
bundas cada vez mais malhadas, com seios imensos, girando em cima de
garrafas, enquanto os pênis-espectadores se sentem apavorados e murchos
diante de tanta gostosura. Os machos estão com medo das
"mulheres-liquidificador". O modelo da mulher de hoje, que nossas filhas
ou irmãs almejam ser (meu Deus!), é a prostituta transcendental, a
mulher-robô, a "Valentina", a "Barbarela", a máquina-de-prazer sem alma,
turbinas de amor com um hiperatômico tesão. Que parceiros estão sendo
criados para estas pós- mulheres? Não os há. Os "malhados", os
"turbinados" geralmente são bofes- gay, filhos do mesmo narcisismo de
mercado que as criou. Ou, então, reprodutores como o Zafir, para o
Robô-Xuxa.
A atual "revolução da vulgaridade", regada a pagode, parece
"libertar" as mulheres. Ilusão à toa.
A "libertação da mulher" numa sociedade escravista como a nossa deu nisso:
Superobjetos. Se achando livres, mas aprisionadas numa exterioridade
corporal que apenas esconde
pobres meninas famintas de amor, carinho e dinheiro.
São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades. Mas,
diante
delas, o homem normal tem medo. Elas são "areia demais para qualquer
caminhãozinho".
Por outro lado, o sistema que as criou enfraquece os homens.
Eles vivem nervosos e fragilizados com seus pintinhos trêmulos,
decadentes, a meia-bomba, ejaculando precocemente, puxando sacos, lambendo
botas, engolindo sapos, sem o antigo charme "jamesbondiano" dos anos 60.
Não há mais o grande "conquistador".
Temos apenas os "fazendeiros de bundas" como o Huck, enquanto a maioria
virou uma multidão de voyeur, babando por deusas impossíveis. Ah, que
saudades dos tempos das bundinhas
e peitinhos "normais" e "disponíveis"...
Pois bem, com certeza a televisão tem criado "sonhos de consumo" descritos
tão bem pela língua ferrenha do Jabor (eu).
Mas ainda existem mulheres de verdade. Mulheres que sabem se
valorizar e valorizar o que tem "dentro de casa", o seu trabalho.
E, acima de tudo, mulheres com quem se possa discutir um gosto pela música,
pela
cultura, pela família, sem medo de parecer um "chato" ou um "cara metido a
intelectual".
Mulheres que sabem valorizar uma simples atitude, rara nos
homens de hoje, como abrir a porta do carro para elas.
Mulheres que adoram receber cartas, bilhetinhos (ou e-mails) românticos!!
Escutar no som do
carro, aquela fitinha velha dos Bee Gees ou um cd do Kenny G (parece meio
breguinha) .. mas é tão boooom namorar escutando estas musiquinhas
tranquilas!!! Penso que hoje, num encontro de um "Turbinado" com uma
"Saradona" o papo deve ser do tipo:
"- Meu"... o meu professor falou que posso disputar o Iron Man que vou
ganhar fácil!."
"-Ah "meu"... o meu personal trainner disse que estou com os glúteos bem
em forma e que nunca vou precisar de plástica".
E a música??? Só se for o "último sucesso (????)" dos Travessos ou
"Chama-chuva. " e o "Vai serginho"???...
Mulheres do meu Brasil Varonil!!! Não deixem que criem
estereótipos!! Não comprem o cinto de modelar da Feiticeira. A mulher
brasileira é
linda por natureza!! Curta seu corpo de acordo com sua idade, silicone é
coisa de
americana que não possui a felicidade de ter um corpo esculpido por Deus e
bonito por natureza. E se os seus namorados e maridos pedirem para vocês
malharem" e ficarem iguais à Feiticeira, fiquem... igual a feiticeira dos
seriados de Tv: Façam-os sumirem da sua vida!!!"

segunda-feira, maio 16, 2005

Estação de Trem
Praça das Crianças
Avenida Floriano Peixoto
Igreja do Carmo
Praça do Ferreira
Mercado dos Pinhões
Vista aérea de Fortaleza

Feuerbach

“Sempre que a moralidade baseia-se na teologia, sempre que o correto torna-se dependente da autoridade divina, as coisas mais imorais, injustas e infames podem ser justificadas e estabelecidas.”

"A Flor"

(Clique no título para ver uma animação sobre a música "A Flor" dos Los Hermanos, feita pela Tartaruga Feliz e que concorrerá ao Anima Mundi deste ano).

Folha de rosto de "A Peste" - Albert Camus

"É tão razoável representar uma espécie de encarceramento por uma outra como representar qualquer coisa que realmente existe por qualquer coisa que não existe" - Daniel Defoe

domingo, maio 15, 2005