segunda-feira, maio 09, 2005

A história dos 47 ronin

Este é um celebre caso que retrata de forma peculiar os extremos a que chegam os samurais para cumprir com as suas funções e obedecer rigidamente os seus princípios éticos. Essa história ficou imortalizada; é muito conhecida pelo povo japonês. Ainda hoje é contada em diversas formas e versões, incluindo teatro, cinema, televisão, literatura e teatro de marionetes. O teatro Kabuki tem essa história como tema em uma de suas mais famosas peças, assim como o Bunraku (teatro de bonecos).
Resumidamente, o que aconteceu foi o seguinte:
Em 1701, Asano Naganori, do feudo de Akô, fica encarregado de importante trabalho ordenado pelo Xogun. Para desempenhar esse trabalho, Asano fica sob as ordens de um importante funcionários do Xogun, Kira Kozukenosuke. Conta-se que algo deixou Asano profundamente ofendido com Kira, provavelmente porque este não lhe recompensara devidamente pelos seus serviços. Assim, Asano atacou Kira e o feriu, mas não chegou a matá-lo devido à intervenção de terceiros. Segundo as leis que regiam a época, era considerado grave delito contra a autoridade desembainhar a espada em recinto imperial. Assim Asano recebe do Xogun uma notificação de que ele devia praticar o harakiri, para pagar pelo seu crime. Sem questionar mais nada, o senhor de Akô pratica o seppuku.
Diante dessa situação, os seus vassalos ficam revoltados. Inicialmente, fizeram de tudo para que o feudo de Akô não fosse confiscado, coisa que geralmente acontecia nesses casos, passando a chefia do clã ao irmão mais novo de Asano.
Mesmo assim, o xogun acaba decretando o confisco das terras de Akô. Com isso, todos os vassalos de Asano tornam-se ronin (samurais sem senhor para servir, desempregados). Um grupo desses samurais, exatamente 47, jura vingar o seu senhor. A princípio usaram a tática de iludir o inimigo, fazendo de tudo para que achassem que eles não estavam nem um pouco preocupados com a tragédia, e desejavam apenas esquecer o caso e viver em paz. Assim, frequentaram assíduamente bordéis e participaram de diversas "noitadas", regadas com muito saquê.
O ataque se realizou no dia 14 de dezembro de 1702, uma fria noite de inverno. Os 47 ronin invadiram a residência de Kira e dominaram todos os seus guardas, que haviam sido pegos de surpresa. Kira havia se escondido, em vão, em um depósito de carvão. Encontrado é morto, e sua cabeça é levada triunfalmente ao túmulo de Asano, pelos seus antigos vassalos.
Depois da vingança, os 47 ronin se entregam ao xogun. Eles ganham grande simpatia e aprovação públicas, e até mesmo no xogunato surgem opiniões favoráveis à absolvição desses bravos guerreiros, pois a vingança, nesses casos, é vista como uma virtude pelos samurais. Apesar disso, havim violado leis fundamentais do regime destinadas a manter a paz e a ordem. Poucos meses depois eles recebem a ordem de se suicidarem. Todos os 47 rounin praticam sem hesitar o seppuku, incluindo Oishi Kuranosuke, o líder da revolta e seu filho Chikara, de apenas 18 anos.

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