Era o mais inglês de todos os mexicanos. Jurava ter olhos azuis e pele transparente quando se olhava no espelho. Sabia ter nascido na cidade errada, Tepotzotlan era muito vermelha para sua alma cinza. Chorava por dentro, já que o machismo de sua terra não lhe permitiria mostrar as lágrimas vindas do nada.
Londres era o lugar. Para sentir-se mais próximo, trazia no pulso o próprio Big Ben -um cebolão cujas horas poderiam ser vistas a uma distância de 6 metros. No fundo achava cool... era o conflito entre sua criação provinciana e sua natureza underground. Sabia que teria de aposentá-lo quando conseguisse mudar-se para a Inglaterra.
A melodia de Atmosphere embalava os seus dias e alimentava a sua vontade de ter sido Ian Curtis. Mesmo nas manhãs de sol quente, ele usava um sobretudo negro com cheiro forte de cigarro. Caminhava cabisbaixo, só se via a fumaça espessa rodeando seu rosto, acariciando seus cabelos escuros.
Infelizmente era pobre. Não tinha o suficiente para começar vida nova em outro lugar. Tocava violão, mas era medíocre para os padrões europeus. Não conseguia comprar novos discos, conhecer outras bandas, estudar mais música. O inglês que sabia falar era o que estava escrito nas canções, nada além. E não poderia seguir sua vida daquela maneira, disso sabia.
Tinha duas opções: uma mais glamourosa e outra, realista. Poderia enforcar-se na sala de sua casa e terminar seus 24 anos como o ídolo, ou montar uma banda e tocar ali em Tepotzotlan mesmo, até conseguir dinheiro suficiente para partir - ou não. Pensou que se morresse não estaria neste mundo nem para ver se no enterro tocariam Joy Division. Achou melhor montar a banda.
Eram 3 tocadores de salsa e de outros ritmos que desconhecia. Vivera em outro mundo todo o tempo. O violão parecia instrumento diferente nas mãos daqueles homens.
Com algum esforço conseguiu agregar uma boa dose de melancolia às notas dos mexicanos sorridentes, e batizou-lhes "De Putas" - que em espanhol significa "algo muito legal", e ao mesmo tempo tem a mesma inspiração da banda idolatrada.
Passou a amar sua fuga e aos poucos foi descobrindo a maneira latina de chorar, a única desculpa que os machistas de sangue quente têm para verter lágrimas sem pudor: tornou-se um mariachi.
Londres era o lugar. Para sentir-se mais próximo, trazia no pulso o próprio Big Ben -um cebolão cujas horas poderiam ser vistas a uma distância de 6 metros. No fundo achava cool... era o conflito entre sua criação provinciana e sua natureza underground. Sabia que teria de aposentá-lo quando conseguisse mudar-se para a Inglaterra.
A melodia de Atmosphere embalava os seus dias e alimentava a sua vontade de ter sido Ian Curtis. Mesmo nas manhãs de sol quente, ele usava um sobretudo negro com cheiro forte de cigarro. Caminhava cabisbaixo, só se via a fumaça espessa rodeando seu rosto, acariciando seus cabelos escuros.
Infelizmente era pobre. Não tinha o suficiente para começar vida nova em outro lugar. Tocava violão, mas era medíocre para os padrões europeus. Não conseguia comprar novos discos, conhecer outras bandas, estudar mais música. O inglês que sabia falar era o que estava escrito nas canções, nada além. E não poderia seguir sua vida daquela maneira, disso sabia.
Tinha duas opções: uma mais glamourosa e outra, realista. Poderia enforcar-se na sala de sua casa e terminar seus 24 anos como o ídolo, ou montar uma banda e tocar ali em Tepotzotlan mesmo, até conseguir dinheiro suficiente para partir - ou não. Pensou que se morresse não estaria neste mundo nem para ver se no enterro tocariam Joy Division. Achou melhor montar a banda.
Eram 3 tocadores de salsa e de outros ritmos que desconhecia. Vivera em outro mundo todo o tempo. O violão parecia instrumento diferente nas mãos daqueles homens.
Com algum esforço conseguiu agregar uma boa dose de melancolia às notas dos mexicanos sorridentes, e batizou-lhes "De Putas" - que em espanhol significa "algo muito legal", e ao mesmo tempo tem a mesma inspiração da banda idolatrada.
Passou a amar sua fuga e aos poucos foi descobrindo a maneira latina de chorar, a única desculpa que os machistas de sangue quente têm para verter lágrimas sem pudor: tornou-se um mariachi.
3 comentários:
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