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Deram duas horas e nada. Já não agüentava mais andar de um lado para o outro da casa com o telefone sem fio na mão. Toque, maldito! Foi então que surgiu a preocupação: e se o telefone tiver quebrado? Sem sinal? Ligou o aparelho e colocou rapidamente no ouvido para ouvir o barulhinho que fazia. Se fosse um tuuuu contínuo, então estava bem. Mas se fosse um tu tu tu intercalado, então estaria com sérios problemas. Para sua tranqüilidade (ou desespero) o barulhinho foi contínuo. Já passava das cinco, com o sol já quase se pondo naquele domingo que parecia que não ia acabar quando resolveu ligar do seu celular para testar se o telefone estava realmente funcionando. Não é possível, já vai dar seis horas! Ligou. Chamou. Desligou rapidamente. Mas e se nesse exato momento a ligação tão esperada tivesse acontecido e tivesse dado ocupado? Suou frio ao pensar isso. Bom, agora não tem mais jeito, pensou. Esperou. Nada de tocar o maldito telefone.
Olhou no relógio, eram oito e trinta e sete. Detestava horas com números quebrados, mas no momento aquele era o menor de seus problemas. Sentiu o estômago roncar e percebeu que só havia tomado algumas xícaras de café e comido uma Cream Cracker o dia inteiro. Precisava comer alguma coisa. E foi justo quando se dirigia para a cozinha que o bendito telefone tocou. O susto foi tão grande que quase deixou o aparelho cair e estragou todo um dia de espera. Esperou tocar a segunda vez. Pigarreou para não faltar voz. Durante a terceira chamada, atendeu com o ‘alô’ que treinou o dia inteiro. “Não, não é da Naja Turismo”. “Não, não sei informar o telefone da maldita Naja Turismo”. “Não, eu não faço passeios turísticos”, gritou. Desligou. Perdeu a fome.
Voltou pro quarto e deitou-se na cama. Não agüentava mais a espera. Os ombros doíam, os olhos ardiam, as mãos tremiam. Estava exausto de tanto esperar a maldita ligação. Perdeu as forças e permaneceu deitado, fitando aquele aparelho que insistia em não cooperar. Ficou assim até umas três e treze da manhã (como odiava horas com números quebrados) quando olhou para o relógio pouco antes de, finalmente, conseguir dormir. Sonhou a noite inteira com vários telefones tocando. Um barulho ensurdecedor. Mas no sonho não conseguia atender a nenhum deles. Foi quando um dos telefones pareceu tocar mais alto que todos os outros. Foi se aproximando e percebeu que não estava sonhando. Havia acordado e o bendito telefone estava realmente tocando. Sorriu melancolicamente. Pigarreou. Atendeu. “Não, não é da Naja Turismo”. E desligou o maldito telefone.
5 comentários:
tenho todas as cenas descritas perfeitamente claras na minha cabeça...muito bom...e acho q eu q dei o tel da Naja turismo prum cara!(claro q foi o teu)
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