Aos dez anos eu guardava dinheiro para, depois da aula, comprar o pacote de figurinhas que faltava na minha coleção e ganhar os brindes heróicos da minha infância. Eu não sabia que a tal figurinha não existia. Chamam isso de capitalismo, eu chamava de inocência. Sorte minha não terem atropelado todos os meus sonhos. Escaparam uns para eu dar aos meus filhos.
Por isso hoje não poupo palavras que posso usar com toda essa gente grande que já teve álbum de figurinha e nega que já pregou chiclete, ou na carteira da escola ou no cabelo da irmã. Tem coisa de gente grande que dá vergonha, dá medo, dá tristeza, dá nojo, dá pena, etc... É aí que eu começo a crer que os macacos evoluíram do homem e que as crianças evoluem de uma gota azul que cai do céu e depois evapora. Não sou, digamos, um adulto por excelência que chora a distante era infantil da qual fez parte um dia. Sou a obra esculpida no relento que derrete ao dia e remodela à noite. Sou um palhaço desalegre que tenta encher balões em noite de festa e termina estourando todos com cílios pontiagudos. Sou só metáforas quando volto a ser homem, sou só estilhaços quando tento ser pedra na vidraça. Meus vizinhos são outros, a tv é a mesma, os irmãos também. Porém, acredito veementemente que as paralelas, um dia, se encontrarão.
Não quero ser a referência lúdica daquilo que é pra ser nostálgico, nem peço que os outros sejam. Porque com mais de um metro e meio de altura e dois algarismos na idade, é criança quem quer e quem sabe ser. Com uma esposa e um pouco de sorte eu terei filhos. Com alguns pirulitos, um pouco de magia e ingressos para o parque, eles serão felizes. Com alguns minutos a perder, você vai ler esse texto até o final e vai voltar ao que estava fazendo antes: coisas de gente grande.
Por isso hoje não poupo palavras que posso usar com toda essa gente grande que já teve álbum de figurinha e nega que já pregou chiclete, ou na carteira da escola ou no cabelo da irmã. Tem coisa de gente grande que dá vergonha, dá medo, dá tristeza, dá nojo, dá pena, etc... É aí que eu começo a crer que os macacos evoluíram do homem e que as crianças evoluem de uma gota azul que cai do céu e depois evapora. Não sou, digamos, um adulto por excelência que chora a distante era infantil da qual fez parte um dia. Sou a obra esculpida no relento que derrete ao dia e remodela à noite. Sou um palhaço desalegre que tenta encher balões em noite de festa e termina estourando todos com cílios pontiagudos. Sou só metáforas quando volto a ser homem, sou só estilhaços quando tento ser pedra na vidraça. Meus vizinhos são outros, a tv é a mesma, os irmãos também. Porém, acredito veementemente que as paralelas, um dia, se encontrarão.
Não quero ser a referência lúdica daquilo que é pra ser nostálgico, nem peço que os outros sejam. Porque com mais de um metro e meio de altura e dois algarismos na idade, é criança quem quer e quem sabe ser. Com uma esposa e um pouco de sorte eu terei filhos. Com alguns pirulitos, um pouco de magia e ingressos para o parque, eles serão felizes. Com alguns minutos a perder, você vai ler esse texto até o final e vai voltar ao que estava fazendo antes: coisas de gente grande.
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