Aqui nos pegamos, numa sessão de nostalgia com testosterona, para lembrar os tempos em que as mulheres espremiam nossas espinhas e tiravam todos os cravos do nariz e arredores - inclusive aqueles na ponta da napa, motivo suficiente para gritaria e espirros tantos da nossa parte.
Reclamávamos nesse momento, éramos chamados de frouxos. Inevitáveis comparações com a dor do parto e outras dores femininas ecoavam no ar nessa hora solene. E quando elas escolhiam justo a hora do futebol, o ataque do time deo coração...
Hoje, quando estão praticamente extintas as mulheres da brigada contra cravos e espinhas (conheço apenas um exemplar, uma descendente de Iracema, ali das subidas da gruta de Ubajara, que habita hoje a margem esquerda do Capibaribe, no Recife) , sentimos a perda, uma vez que nunca dominamos muito bem essa arte. Nem mesmo na adolescência, quando nos transformamos em verdadeiros e monstruosos Mr. Hydes - culpa, óbvio, do glorioso vício solitário, que além das espinhas ainda nos pregava pêlos na palma da mão.
Como não acreditamos nos milagrosos creminhos usados pelos metrossexuais - esse novo tipo de homem moderno gerado da costela de David Beckhan - preferimos incentivar o resgate da prática feminina de tirar cravos e espinhas, essa bela e útil mania praticamente extinta nos dias que correm.
Vez por outra ainda damos a sorte de avistar, em alguma parada de ônibus, uma voluntariosa senhora ou senhorita a espremer o rosto de um camarada. Sempre uma bela cena produzida pelos suburbanos corações.
Não tem a menor graça, nesse mundo tão imbecilmente profissionalizado, a limpeza de pele dos salões de beleza. Seu rosto ali entregue a amistosas funcionárias sem nenhuma intimidade, mulheres que nunca ouviram os nossos roncos de noite na cama. É o tipo de serviço que exige histórico de intimidades. Tal arte carece de pelo menos um mês de namoro ou acasalamento. Não é tarefa para qualquer uma. É tão delicado quanto tirar a roupa pela primeira vez na frente de outrem - e, pensando bem, uma reveladora prova de devoção.
A menos que seja uma perversa incatalogável, uma gazela não escarafuncha suas crateras à toa. Quando ela posiciona aqueles dois indicadores sobre a sua bíblica face, parece aceitar a convivência harmoniosa até com as nossas mais indignas impurezas. É provação. Coisa boa demais para a leseira das belas tardes de domingo.
link: Diario do Nordeste
Reclamávamos nesse momento, éramos chamados de frouxos. Inevitáveis comparações com a dor do parto e outras dores femininas ecoavam no ar nessa hora solene. E quando elas escolhiam justo a hora do futebol, o ataque do time deo coração...
Hoje, quando estão praticamente extintas as mulheres da brigada contra cravos e espinhas (conheço apenas um exemplar, uma descendente de Iracema, ali das subidas da gruta de Ubajara, que habita hoje a margem esquerda do Capibaribe, no Recife) , sentimos a perda, uma vez que nunca dominamos muito bem essa arte. Nem mesmo na adolescência, quando nos transformamos em verdadeiros e monstruosos Mr. Hydes - culpa, óbvio, do glorioso vício solitário, que além das espinhas ainda nos pregava pêlos na palma da mão.
Como não acreditamos nos milagrosos creminhos usados pelos metrossexuais - esse novo tipo de homem moderno gerado da costela de David Beckhan - preferimos incentivar o resgate da prática feminina de tirar cravos e espinhas, essa bela e útil mania praticamente extinta nos dias que correm.
Vez por outra ainda damos a sorte de avistar, em alguma parada de ônibus, uma voluntariosa senhora ou senhorita a espremer o rosto de um camarada. Sempre uma bela cena produzida pelos suburbanos corações.
Não tem a menor graça, nesse mundo tão imbecilmente profissionalizado, a limpeza de pele dos salões de beleza. Seu rosto ali entregue a amistosas funcionárias sem nenhuma intimidade, mulheres que nunca ouviram os nossos roncos de noite na cama. É o tipo de serviço que exige histórico de intimidades. Tal arte carece de pelo menos um mês de namoro ou acasalamento. Não é tarefa para qualquer uma. É tão delicado quanto tirar a roupa pela primeira vez na frente de outrem - e, pensando bem, uma reveladora prova de devoção.
A menos que seja uma perversa incatalogável, uma gazela não escarafuncha suas crateras à toa. Quando ela posiciona aqueles dois indicadores sobre a sua bíblica face, parece aceitar a convivência harmoniosa até com as nossas mais indignas impurezas. É provação. Coisa boa demais para a leseira das belas tardes de domingo.
link: Diario do Nordeste
2 comentários:
misericórdia!!! tantos temas para se fazer uma redação! e tu escolhe este!!!?
use suas forças para o bem!!! hehe
Muito legal, é a primeira redação que vejo sobre este tema, espremer espinha, parabéns a sua criatividade foi ótima!
Eu tenho um site em que trago informações para pessoas sobre vários assuntos e espinhas é um dos assuntos.
Vários me perguntam se podem espremer e estive escrevendo a respeito e em minhas pesquisas achei seu texto, adorei, parabéns!
Ah, queria deixar meu site aqui para você conhecer depois, quem sabe não te inspira para um próximo assunto, né?
Abraços e sucesso!
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