quarta-feira, janeiro 31, 2007
segunda-feira, janeiro 29, 2007
O amor deixa muito a desejar - Arnaldo Jabor
A Rita Lee fez uma música com a letra tirada de um artigo que escrevi, sobre amor e sexo.
A música é linda, estou emocionado, não mereço tão subida honra, quem sou eu, quase enxuguei uma furtiva lágrima com minha "gélida manina" por estar num disco, girando na vitrola sem parar com Rita, aquela hippie florida com consciência crítica, aquela hippie paródica, aquela mulher divinamente dividida, de noiva mutante ou de cartola e cabelo vermelho que, em 67, acabou com a caretice de Sampa e de suas lindas "minas" pálidas.
A música veio mesmo a calhar, pois ando com uma fome de arte, ando com saudade da beleza, ando com saudade de tudo, saudade de alguma delicadeza, paz, pois já não agüento mais ser apenas uma esponja absorvendo e comentando os bodes pretos que os políticos produzem no Brasil e o Bush lá fora. Ando meio desesperançado, mas essa canção de Rita trouxe de volta a minha mais antiga lembrança de amor. Isso mesmo: a canção me trouxe uma cena que, há mais de 50 anos, me volta sempre. Sempre achei que esse primeiro momento foi tão tênue, tão fugaz que não merecia narração. Mas, vou tentar.
Eu devia ter uns 6 anos, no máximo. Foi meu primeiro dia de aula no colégio, lá no Meier, onde minha mãe me levou, pela Rua 24 de Maio, coberta de folhas de mangueira que o vento derrubava. Fiquei sozinho, desamparado, sem pai nem mãe no colégio desconhecido. No pátio do recreio, crianças corriam. Uma bola de borracha voou em minha direção e bateu em meu peito. Olhei e vi uma menina morena, de tranças, com olhos negros, bem perto, me pedindo a bola e, nesse segundo, eu me apaixonei. Lembro-me de que seu queixo tinha um pequeno machucado, como um arranhão com mercúrio-cromo, lembro-me que ela tinha um nariz arrebitado, insolente e que, num lampejo, eu senti um tremor desconhecido, logo interrompido pelo jogo, pela bola que eu devolvi, pelos gritos e correria do recreio. Ela deve ter me olhado no fundo dos olhos por uns três segundos mas, até hoje, eu me lembro exatamente de sua expressão afogueada e vi que ela sentira também algum sinal no corpo, alguma informação do seu destino sexual de fêmea, alguma manifestação da matéria, alguma mensagem do DNA. Recordando minha impressão de menino, tenho certeza de que nossos olhos viram a mesma coisa, um no outro. Senti que eu fazia parte de um magnetismo da natureza que me envolvia, que envolvia a menina, que alguma coisa vibrava entre nós e senti que eu tinha um destino ligado àquele tipo de ser, gente que usava trança, que ria com dentes brancos e lábios vermelhos, que era diferente de mim e entendi vagamente que, sem aquela diferença, eu não me completaria. Ela voltou correndo para o jogo, vi suas pernas correndo e ela se virando com uma última olhada.
Misteriosamente, nunca mais a encontrei naquela escola. Lembro-me que me lembrei dela quando vi aquele filme Love Story, não pelo medíocre filme, mas pelo rosto de Ali McGraw, que era exatamente o rosto que vivia na minha memória. Recordo também, com estranheza, que meu sentimento infantil foi de "impossibilidade"; aquele rosto me pareceu maravilhoso e impossível de ser atingido inteiramente, foi um instante mágico ao mesmo tempo de descoberta e de perda. Escrevendo agora, percebo que aquela sensação de profundo "sentido" que tive aos 6 anos pode ter marcado minha maneira de ser e de amar pelos tempos que viriam. Senti a presença de algo belíssimo e inapreensível que, hoje, velho de guerra, arrisco dizer que talvez seja essa a marca do amor: ser impossível. Calma, pessoal, claro que o amor existe, nem eu sou um masoquista de livro, mas a marca do sublime, o momento em que o impossível parece possível, quando o impalpável fica compreensível, esse instante se repetiu no futuro por minha vida, levando-me para um trem-fantasma de alegrias e dores.
Amar é parecido com sofrer - Luís Melodia escreveu, não foi? Machado de Assis toca nisso na súbita consciência do amor entre Bentinho e Capitu:
"Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca."
Isso: felicidade e medo, a sensação de tocar por instantes um mistério sempre movente, como um fotograma que pára por um instante e logo se move na continuação do filme. Sempre senti isso em cada visão de mulheres que amei: um rosto se erguendo da areia da praia, uma mulher fingindo não me ver, mas vendo-me de costas num escritório do Rio... São momentos em que a "máquina da vida" parece se explicar, como se fosse uma lembrança do futuro, como se eu me lembrasse ali, do que iria viver.
Esses frêmitos de amor acontecem quando o "eu" cessa, por brevíssimos instantes, e deixamos o outro ser o que é em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de "compaixão" pelo nosso próprio desamparo, entrevisto no outro.
A cultura americana está criando um "desencantamento" insuportável na vida social. Vejam a arte tratada como algo desnecessário, sem lugar, vejam as mulheres nuas amontoadas na internet. Andamos com fome de beleza em tudo, na vida, na política, no sexo; por isso, o amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver. Todas essas tênues considerações, essas lembranças de lembranças, essa tentativa de capturar lampejos tão antigos, com risco de ser piegas, tudo isso me veio à cabeça pela emoção de me ver subitamente numa música, parceiro de Rita Lee, "lovely Rita", a mais completa tradução de São Paulo, essa cidade cheia de famintos de amor.
A música é linda, estou emocionado, não mereço tão subida honra, quem sou eu, quase enxuguei uma furtiva lágrima com minha "gélida manina" por estar num disco, girando na vitrola sem parar com Rita, aquela hippie florida com consciência crítica, aquela hippie paródica, aquela mulher divinamente dividida, de noiva mutante ou de cartola e cabelo vermelho que, em 67, acabou com a caretice de Sampa e de suas lindas "minas" pálidas.
A música veio mesmo a calhar, pois ando com uma fome de arte, ando com saudade da beleza, ando com saudade de tudo, saudade de alguma delicadeza, paz, pois já não agüento mais ser apenas uma esponja absorvendo e comentando os bodes pretos que os políticos produzem no Brasil e o Bush lá fora. Ando meio desesperançado, mas essa canção de Rita trouxe de volta a minha mais antiga lembrança de amor. Isso mesmo: a canção me trouxe uma cena que, há mais de 50 anos, me volta sempre. Sempre achei que esse primeiro momento foi tão tênue, tão fugaz que não merecia narração. Mas, vou tentar.
Eu devia ter uns 6 anos, no máximo. Foi meu primeiro dia de aula no colégio, lá no Meier, onde minha mãe me levou, pela Rua 24 de Maio, coberta de folhas de mangueira que o vento derrubava. Fiquei sozinho, desamparado, sem pai nem mãe no colégio desconhecido. No pátio do recreio, crianças corriam. Uma bola de borracha voou em minha direção e bateu em meu peito. Olhei e vi uma menina morena, de tranças, com olhos negros, bem perto, me pedindo a bola e, nesse segundo, eu me apaixonei. Lembro-me de que seu queixo tinha um pequeno machucado, como um arranhão com mercúrio-cromo, lembro-me que ela tinha um nariz arrebitado, insolente e que, num lampejo, eu senti um tremor desconhecido, logo interrompido pelo jogo, pela bola que eu devolvi, pelos gritos e correria do recreio. Ela deve ter me olhado no fundo dos olhos por uns três segundos mas, até hoje, eu me lembro exatamente de sua expressão afogueada e vi que ela sentira também algum sinal no corpo, alguma informação do seu destino sexual de fêmea, alguma manifestação da matéria, alguma mensagem do DNA. Recordando minha impressão de menino, tenho certeza de que nossos olhos viram a mesma coisa, um no outro. Senti que eu fazia parte de um magnetismo da natureza que me envolvia, que envolvia a menina, que alguma coisa vibrava entre nós e senti que eu tinha um destino ligado àquele tipo de ser, gente que usava trança, que ria com dentes brancos e lábios vermelhos, que era diferente de mim e entendi vagamente que, sem aquela diferença, eu não me completaria. Ela voltou correndo para o jogo, vi suas pernas correndo e ela se virando com uma última olhada.
Misteriosamente, nunca mais a encontrei naquela escola. Lembro-me que me lembrei dela quando vi aquele filme Love Story, não pelo medíocre filme, mas pelo rosto de Ali McGraw, que era exatamente o rosto que vivia na minha memória. Recordo também, com estranheza, que meu sentimento infantil foi de "impossibilidade"; aquele rosto me pareceu maravilhoso e impossível de ser atingido inteiramente, foi um instante mágico ao mesmo tempo de descoberta e de perda. Escrevendo agora, percebo que aquela sensação de profundo "sentido" que tive aos 6 anos pode ter marcado minha maneira de ser e de amar pelos tempos que viriam. Senti a presença de algo belíssimo e inapreensível que, hoje, velho de guerra, arrisco dizer que talvez seja essa a marca do amor: ser impossível. Calma, pessoal, claro que o amor existe, nem eu sou um masoquista de livro, mas a marca do sublime, o momento em que o impossível parece possível, quando o impalpável fica compreensível, esse instante se repetiu no futuro por minha vida, levando-me para um trem-fantasma de alegrias e dores.
Amar é parecido com sofrer - Luís Melodia escreveu, não foi? Machado de Assis toca nisso na súbita consciência do amor entre Bentinho e Capitu:
"Todo eu era olhos e coração, um coração que desta vez ia sair, com certeza, pela boca."
Isso: felicidade e medo, a sensação de tocar por instantes um mistério sempre movente, como um fotograma que pára por um instante e logo se move na continuação do filme. Sempre senti isso em cada visão de mulheres que amei: um rosto se erguendo da areia da praia, uma mulher fingindo não me ver, mas vendo-me de costas num escritório do Rio... São momentos em que a "máquina da vida" parece se explicar, como se fosse uma lembrança do futuro, como se eu me lembrasse ali, do que iria viver.
Esses frêmitos de amor acontecem quando o "eu" cessa, por brevíssimos instantes, e deixamos o outro ser o que é em sua total solidão. Vemos um gesto frágil, um cabelo molhado, um rosto dormindo, e isso desperta em nós uma espécie de "compaixão" pelo nosso próprio desamparo, entrevisto no outro.
A cultura americana está criando um "desencantamento" insuportável na vida social. Vejam a arte tratada como algo desnecessário, sem lugar, vejam as mulheres nuas amontoadas na internet. Andamos com fome de beleza em tudo, na vida, na política, no sexo; por isso, o amor é uma ilusão sem a qual não podemos viver. Todas essas tênues considerações, essas lembranças de lembranças, essa tentativa de capturar lampejos tão antigos, com risco de ser piegas, tudo isso me veio à cabeça pela emoção de me ver subitamente numa música, parceiro de Rita Lee, "lovely Rita", a mais completa tradução de São Paulo, essa cidade cheia de famintos de amor.
Dica de publicação: http://www.eugostodegolfinhos.blogspot.com/
terça-feira, janeiro 23, 2007
sábado, janeiro 20, 2007
Bobagens românticas - Airton Monte
Quando eu era jovem e um rebelde sem causa, andava pelos bares de Fortaleza como um fantasma, mergulhado no silêncio cúmplice da madrugada. Diante de cada porta, meus sentidos estavam despertos e atentos aos mínimos detalhes. Já achava que beber sozinho era um acontecimento triste. Eu via as pessoas como crianças desesperadas, desprotegidas na sua solidão compartilhada. Só assim, pensava, eu conseguia amá-las, mas não era amor que eu sentia, era piedade. Talvez de mim mesmo, de minha suposta generosidade. Como era tolo quando era jovem.
Por vezes, me dava um pavor juvenil pela suprema tolice de pensar que podia jogar o jogo da vida sem comprometer-me. Eu tentava ver as pessoas como se elas fizessem parte de um jardim zoológico, eu, é claro, ficava do lado de fora das jaulas e observava as pessoas com olhinhos cruéis de um taxonomista. De madrugada, numa cidade então sem muitos perigos, caminhava pelas ruas desertas, esperando que enfim amanhecesse. Vinha uma vontade maluca de acordar as pessoas do marasmo em que eu acreditava que viviam.
Era-me impossível amá-las, não a tais pessoas sujas, frias, desconhecedoras da beleza e impregnadas do cheiro da morte, enquanto dentro de mim novas palavras ferviam, novas idéias se agitavam e afloravam-me novas descobertas a respeito de mim, do mundo. Eu apenas sofria de tristeza como outros sofriam do fígado. E fingia que não tinha medo e zombava da minha solidão sem perceber que estava cada vez mais só, mais sofrido, mais amargo, mais aprisionado a meus fantasmas. Nem desconfiava ser o pior de meus inimigos, porque o mais solerte.
Um pouco depois, já me cansava em ser um rebelde sem causa, queria ser poeta. E que ser poeta não era fácil nem difícil, e se o fosse, jamais conseguiria deixar de sê-lo. E caminhar sobre o gume de uma faca e por incrível que pareça, cortar realmente os pés e mesmo assim, mutilado, prosseguir, embora a alma fosse se tornando um mapa-mundi de cicatrizes. Nunca acreditei no mito que faz dos poetas elefantes moribundos em busca de seu inefável cemitério. Ser poeta é uma coisa à toa. Qualquer um pode ser, desde que o seja.
Por vezes, me dava um pavor juvenil pela suprema tolice de pensar que podia jogar o jogo da vida sem comprometer-me. Eu tentava ver as pessoas como se elas fizessem parte de um jardim zoológico, eu, é claro, ficava do lado de fora das jaulas e observava as pessoas com olhinhos cruéis de um taxonomista. De madrugada, numa cidade então sem muitos perigos, caminhava pelas ruas desertas, esperando que enfim amanhecesse. Vinha uma vontade maluca de acordar as pessoas do marasmo em que eu acreditava que viviam.
Era-me impossível amá-las, não a tais pessoas sujas, frias, desconhecedoras da beleza e impregnadas do cheiro da morte, enquanto dentro de mim novas palavras ferviam, novas idéias se agitavam e afloravam-me novas descobertas a respeito de mim, do mundo. Eu apenas sofria de tristeza como outros sofriam do fígado. E fingia que não tinha medo e zombava da minha solidão sem perceber que estava cada vez mais só, mais sofrido, mais amargo, mais aprisionado a meus fantasmas. Nem desconfiava ser o pior de meus inimigos, porque o mais solerte.
Um pouco depois, já me cansava em ser um rebelde sem causa, queria ser poeta. E que ser poeta não era fácil nem difícil, e se o fosse, jamais conseguiria deixar de sê-lo. E caminhar sobre o gume de uma faca e por incrível que pareça, cortar realmente os pés e mesmo assim, mutilado, prosseguir, embora a alma fosse se tornando um mapa-mundi de cicatrizes. Nunca acreditei no mito que faz dos poetas elefantes moribundos em busca de seu inefável cemitério. Ser poeta é uma coisa à toa. Qualquer um pode ser, desde que o seja.
quarta-feira, janeiro 17, 2007
O homem que não tinha nada - Silvia Curiati
Ele não tinha nada. Não tinha casa, não tinha carro, não tinha filhos nem mulher, não tinha mãe, nunca teve pai, não tinha idéias, vontades, aspirações, curiosidades, desejos, metas, medos.
Era a sua maneira livre de levar a vida, sem amarras, que o fazia sorrir todas as manhãs no elevador, como se fosse o homem mais feliz daquele lugar. Às vezes, quando eu chegava a pé depois de uma caminhada, o via vigiando os arredores. E sempre quando terminava, dava tapinhas no muro do prédio como fazemos nas costas de um amigo quando queremos dizer "é isso aí", ou "você vai longe". Aquele gesto que transmite ao mesmo tempo carinho, orgulho e estímulo.
Zelou por alguns anos ainda, depois que o conheci. Quando faleceu, limparam o seu quartinho modesto e lá encontraram uma única posse, pequena, que foi enterrada ao lado da árvore mais próxima à guarita, para que ninguém mais conhecesse o segredo de sua alegria.
Era a sua maneira livre de levar a vida, sem amarras, que o fazia sorrir todas as manhãs no elevador, como se fosse o homem mais feliz daquele lugar. Às vezes, quando eu chegava a pé depois de uma caminhada, o via vigiando os arredores. E sempre quando terminava, dava tapinhas no muro do prédio como fazemos nas costas de um amigo quando queremos dizer "é isso aí", ou "você vai longe". Aquele gesto que transmite ao mesmo tempo carinho, orgulho e estímulo.
Zelou por alguns anos ainda, depois que o conheci. Quando faleceu, limparam o seu quartinho modesto e lá encontraram uma única posse, pequena, que foi enterrada ao lado da árvore mais próxima à guarita, para que ninguém mais conhecesse o segredo de sua alegria.
Vencedores do Globo de Ouro 2006
CINEMA
Melhor Filme - Drama
Babel
Os Infiltrados
Bobby
Pecados Íntimos
The Queen
Melhor Atriz - Drama
Helen Mirren - The Queen
Penélope Cruz - Volver
Judi Dench - Notes on a Scandal
Maggie Gyllenhaal - Sherrybaby
Kate Winslet - Pecados Íntimos
Melhor Ator - Drama
Forest Whitaker - O último rei da Escócia
Leonardo DiCaprio - Diamante de Sangue
Leonardo DiCaprio - Os Infiltrados
Peter O'Toole - Venus
Will Smith - À procura da Felicidade
Melhor Filme - Comédia ou Musical
Dreamgirls - Em busca de um sonho
Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan
O Diabo veste Prada
Pequena Miss Sunshine
Obrigado por Fumar
Melhor Atriz - Comédia ou Musical
Meryl Streep - O Diabo veste Prada
Annette Bening - Correndo com tesouras
Toni Collette - Pequena Miss Sunshine
Beyoncé Knowles - Dreamgirls - Em busca de um sonho
Renée Zellweger - Senhorita Potter
Melhor Ator - Comédia ou Musical
Sacha Baron Cohen - Borat
Johnny Depp - Piratas do Caribe - O Baú da Morte
Aaron Eckhart - Obrigado por Fumar
Chiwetel Ejiofor - Kinky Boots
Will Ferrell - Mais Estranho que a Ficção
Melhor Animação
Carros
Happy Feet - O Pingüim
A Casa Monstro
Melhor Filme em Língua Estrangeira
Cartas de Iwo Jima (EUA/Japão)
Apocalypto (EUA)
The Lives of Others (Alemanha)
O Labirinto do Fauno (México)
Volver (Espanha)
Melhor Atriz Coadjuvante
Jennifer Hudson - Dreamgirls - Em Busca de um Sonho
Adriana Barraza - Babel
Cate Blanchett - Notes on a Scandal
Emily Blunt - O Diabo veste Prada
Rinko Kikuchi - Babel
Melhor Ator Coadjuvante
Eddie Murphy - Dreamgirls - Em Busca de um Sonho
Ben Affleck - Hollywoodland - Bastidores da Fama
Jack Nicholson - Os Infiltrados
Brad Pitt - Babel
Mark Wahlberg - Os Infiltrados
Melhor Diretor
Martin Scorsese - Os Infiltrados
Clint Eastwood - A Conquista da Honra
Clint Eastwood - Letters from Iwo Jima
Stephen Frears - The Queen
Alejandro González Iñárritu - Babel
Melhor Roteiro
Peter Morgan - The Queen
Guillermo Arriaga - Babel
Todd Field & Tom Perrotta - Pecados Íntimos
Patrick Marber - Notes on a Scandal
William Monahan - Os Infiltrados
Melhor Trilha Sonora
Alexandre Desplat - The Painted Veil
Clint Mansell - Fonte da Vida
Gustavo Santaolalla - Babel
Carlo Siliotto - Nomad
Hans Zimmer - O Código Da Vinci
Melhor Canção
"The Song of the Heart" - Happy Feet - O Pingüim
"A Father's Way" - À Procura da Felicidade
"Listen" - Dreamgirls - Em Busca de um Sonho
"Never Gonna Break My Faith" - Bobby
"Try Not to Remember" - Home of the Brave
TELEVISÃO
Melhor Série - Drama
Grey's Anatomy
24 Horas
Amor Imenso
Heroes
Lost
Melhor Atriz - Série Dramática
Kyra Sedgwick - The Closer
Patricia Arquette - Medium
Edie Falco - Família Soprano
Evangeline Lilly - Lost
Ellen Pompeo - Grey's Anatomy
Melhor Ator - Série Dramática
Hugh Laurie - House
Patrick Dempsey - Grey's Anatomy
Michael C. Hall - Dexter
Bill Paxton - Amor Imenso
Kiefer Sutherland - 24 Horas
Melhor Série - Humor ou Musical
Ugly Betty
Desperate Housewives
Entourage
The Office
Weeds
Melhor Atriz - Série de Humor ou Musical
America Ferrera - Ugly Betty
Marcia Cross - Desperate Housewives
Felicity Huffman - Desperate Housewives
Julia Louis-Dreyfus - The New Adventures of Old Christine
Mary-Louise Parker - Weeds
Melhor Ator - Série de Humor ou Musical
Alec Baldwin - 30 Rock
Zach Braff - Scrubs
Steve Carell - The Office
Jason Lee - My Name Is Earl
Tony Shalhoub - Monk
Melhor Minissérie ou Telefilme
Elizabeth I
Bleak House
Broken Trail
Mrs. Harris
Prime Suspect: The Final Act
Melhor Atriz - Minissérie ou Telefilme
Helen Mirren - Elizabeth I
Gillian Anderson - Bleak House
Annette Bening - Mrs. Harris
Helen Mirren - Prime Suspect: The Final Act
Sophie Okonedo - Tsunami, The Aftermath
Melhor Ator - Minissérie ou Telefilme
Bill Nighy - Gideon's Daughter
André Braugher - Thief
Robert Duvall - Broken Trail
Michael Ealy - Sleeper Cell: American Terror
Chiwetel Ejiofor - Tsunami, The Aftermath
Ben Kingsley - Mrs. Harris
Matthew Perry - The Ron Clark Story
Melhor Atriz Coadjuvante - Série, Minissérie ou Telefilme
Emily Blunt - Gideon's Daughter
Toni Collette - Tsunami, The Aftermath
Katherine Heigl - Grey's Anatomy
Sarah Paulson - Studio 60 on the Sunset Strip
Elizabeth Perkins - Weeds
Melhor Ator Coadjuvante - Série, Minissérie ou Telefilme
Jeremy Irons - Elizabeth I
Thomas Haden Church - Broken Trail
Justin Kirk - Weeds
Masi Oka - Heroes
Jeremy Piven - Entourage
Melhor Filme - Drama
Babel
Os Infiltrados
Bobby
Pecados Íntimos
The Queen
Melhor Atriz - Drama
Helen Mirren - The Queen
Penélope Cruz - Volver
Judi Dench - Notes on a Scandal
Maggie Gyllenhaal - Sherrybaby
Kate Winslet - Pecados Íntimos
Melhor Ator - Drama
Forest Whitaker - O último rei da Escócia
Leonardo DiCaprio - Diamante de Sangue
Leonardo DiCaprio - Os Infiltrados
Peter O'Toole - Venus
Will Smith - À procura da Felicidade
Melhor Filme - Comédia ou Musical
Dreamgirls - Em busca de um sonho
Borat: Cultural Learnings of America for Make Benefit Glorious Nation of Kazakhstan
O Diabo veste Prada
Pequena Miss Sunshine
Obrigado por Fumar
Melhor Atriz - Comédia ou Musical
Meryl Streep - O Diabo veste Prada
Annette Bening - Correndo com tesouras
Toni Collette - Pequena Miss Sunshine
Beyoncé Knowles - Dreamgirls - Em busca de um sonho
Renée Zellweger - Senhorita Potter
Melhor Ator - Comédia ou Musical
Sacha Baron Cohen - Borat
Johnny Depp - Piratas do Caribe - O Baú da Morte
Aaron Eckhart - Obrigado por Fumar
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Will Ferrell - Mais Estranho que a Ficção
Melhor Animação
Carros
Happy Feet - O Pingüim
A Casa Monstro
Melhor Filme em Língua Estrangeira
Cartas de Iwo Jima (EUA/Japão)
Apocalypto (EUA)
The Lives of Others (Alemanha)
O Labirinto do Fauno (México)
Volver (Espanha)
Melhor Atriz Coadjuvante
Jennifer Hudson - Dreamgirls - Em Busca de um Sonho
Adriana Barraza - Babel
Cate Blanchett - Notes on a Scandal
Emily Blunt - O Diabo veste Prada
Rinko Kikuchi - Babel
Melhor Ator Coadjuvante
Eddie Murphy - Dreamgirls - Em Busca de um Sonho
Ben Affleck - Hollywoodland - Bastidores da Fama
Jack Nicholson - Os Infiltrados
Brad Pitt - Babel
Mark Wahlberg - Os Infiltrados
Melhor Diretor
Martin Scorsese - Os Infiltrados
Clint Eastwood - A Conquista da Honra
Clint Eastwood - Letters from Iwo Jima
Stephen Frears - The Queen
Alejandro González Iñárritu - Babel
Melhor Roteiro
Peter Morgan - The Queen
Guillermo Arriaga - Babel
Todd Field & Tom Perrotta - Pecados Íntimos
Patrick Marber - Notes on a Scandal
William Monahan - Os Infiltrados
Melhor Trilha Sonora
Alexandre Desplat - The Painted Veil
Clint Mansell - Fonte da Vida
Gustavo Santaolalla - Babel
Carlo Siliotto - Nomad
Hans Zimmer - O Código Da Vinci
Melhor Canção
"The Song of the Heart" - Happy Feet - O Pingüim
"A Father's Way" - À Procura da Felicidade
"Listen" - Dreamgirls - Em Busca de um Sonho
"Never Gonna Break My Faith" - Bobby
"Try Not to Remember" - Home of the Brave
TELEVISÃO
Melhor Série - Drama
Grey's Anatomy
24 Horas
Amor Imenso
Heroes
Lost
Melhor Atriz - Série Dramática
Kyra Sedgwick - The Closer
Patricia Arquette - Medium
Edie Falco - Família Soprano
Evangeline Lilly - Lost
Ellen Pompeo - Grey's Anatomy
Melhor Ator - Série Dramática
Hugh Laurie - House
Patrick Dempsey - Grey's Anatomy
Michael C. Hall - Dexter
Bill Paxton - Amor Imenso
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Melhor Série - Humor ou Musical
Ugly Betty
Desperate Housewives
Entourage
The Office
Weeds
Melhor Atriz - Série de Humor ou Musical
America Ferrera - Ugly Betty
Marcia Cross - Desperate Housewives
Felicity Huffman - Desperate Housewives
Julia Louis-Dreyfus - The New Adventures of Old Christine
Mary-Louise Parker - Weeds
Melhor Ator - Série de Humor ou Musical
Alec Baldwin - 30 Rock
Zach Braff - Scrubs
Steve Carell - The Office
Jason Lee - My Name Is Earl
Tony Shalhoub - Monk
Melhor Minissérie ou Telefilme
Elizabeth I
Bleak House
Broken Trail
Mrs. Harris
Prime Suspect: The Final Act
Melhor Atriz - Minissérie ou Telefilme
Helen Mirren - Elizabeth I
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Helen Mirren - Prime Suspect: The Final Act
Sophie Okonedo - Tsunami, The Aftermath
Melhor Ator - Minissérie ou Telefilme
Bill Nighy - Gideon's Daughter
André Braugher - Thief
Robert Duvall - Broken Trail
Michael Ealy - Sleeper Cell: American Terror
Chiwetel Ejiofor - Tsunami, The Aftermath
Ben Kingsley - Mrs. Harris
Matthew Perry - The Ron Clark Story
Melhor Atriz Coadjuvante - Série, Minissérie ou Telefilme
Emily Blunt - Gideon's Daughter
Toni Collette - Tsunami, The Aftermath
Katherine Heigl - Grey's Anatomy
Sarah Paulson - Studio 60 on the Sunset Strip
Elizabeth Perkins - Weeds
Melhor Ator Coadjuvante - Série, Minissérie ou Telefilme
Jeremy Irons - Elizabeth I
Thomas Haden Church - Broken Trail
Justin Kirk - Weeds
Masi Oka - Heroes
Jeremy Piven - Entourage
segunda-feira, janeiro 15, 2007
A vida é como um filme
Daqueles bem dramáticos, derrramadores de rios de lágrimas e românticos. Daqueles filmes com enredo complexo, não muito culto, algo bem simples, mas de tão simples, complexo. Algo cheio de questionamentos, de porquês e com poucas respostas (mas muitos sentimentos).
A vida é como um filme de Chaplin. Em preto e branco, com espertalhões, ditadores, meninas surdas e amorosas, pessoas surdas e não-amorosas. A vida é como um filme de Tarantino: sangrenta, malvada, pevertida, sexual e carnal. E a vida é como um filme de Wood Allen: colorida, fatídica, intensa, generosa, apaixonate, espiritual e justiceira.
Para mim, viver é isso: grande e ambíguas emoções, com muitos questionamentos, poucas soluções mas muita emoção. E viver, para mim, faz parte de compartilhar minhas idéias e ideias com todos. O Parerga é o espaço que todos nós temos para soltar o verbo e dizer: eu vivo, portanto penso.
A vida é como um filme de Chaplin. Em preto e branco, com espertalhões, ditadores, meninas surdas e amorosas, pessoas surdas e não-amorosas. A vida é como um filme de Tarantino: sangrenta, malvada, pevertida, sexual e carnal. E a vida é como um filme de Wood Allen: colorida, fatídica, intensa, generosa, apaixonate, espiritual e justiceira.
Para mim, viver é isso: grande e ambíguas emoções, com muitos questionamentos, poucas soluções mas muita emoção. E viver, para mim, faz parte de compartilhar minhas idéias e ideias com todos. O Parerga é o espaço que todos nós temos para soltar o verbo e dizer: eu vivo, portanto penso.
domingo, janeiro 14, 2007
Como nascem os paradigmas
Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula, em cujo centro puseram uma escada e, sobre ela, um cacho de bananas. Quando um macaco subia a escada para apanhar as bananas, o cientistas lançavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros enchiam-no de pancadas. Passado mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas. Então, os cientistas substituíram um dos cinco macacos.
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo
nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...". Você não deve perder a oportunidade de passar esta história para seus amigos,para que, vez por outra, questionem-se porque estão batendo...
A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo rapidamente retirado pelos outros, que o surraram. Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não mais subia a escada. Um segundo foi substituído, e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado, com entusiasmo, da surra ao novato. Um terceiro foi trocado, e repetiu-se o fato. Um quarto e, finalmente, o último dos veteranos foi substituído. Os cientistas ficaram, então, com um grupo de cinco macacos que, mesmo
nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse chegar às bananas. Se fosse possível perguntar a algum deles porque batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria: "Não sei, as coisas sempre foram assim por aqui...". Você não deve perder a oportunidade de passar esta história para seus amigos,para que, vez por outra, questionem-se porque estão batendo...
Em defesa do padrão - João Ubaldo Ribeiro
Não entendo nada de mulher, claro. Aliás, ninguém entende, nem mesmo Freud, que, num momento de aparente exasperação, perguntou o que as mulheres querem e morreu sem saber. Por sobre isso, mister se faz ressalvar que as considerações abaixo são feitas apenas por um amador, esforçadíssimo mas jamais um craque junto a elas, não contando com a experiência de certos amigos meus (alguns já finados, devem ter morrido disso), muito mais afeitos ao convívio com o afamado Eterno Feminino. Para parco consolo nosso, creio que minha condição é partilhada pela maioria dos cada vez mais perplexos machos da espécie. Somos mais ou menos como torcedores de futebol - temos teorias que julgamos irretorquíveis, mas bem poucos somos bons de bola.
Sou provocado a aventurar-me em terreno tão resvaladiço por causa das notícias, cada vez mais freqüentes, de moças que, na busca de atingir o padrão de beleza vigente, caem vítimas de anorexia nervosa e morrem. Ninguém gosta de saber desses acontecimentos tristes, motivados pela ânsia de identificação com o modelo hegemônico ou, mais patético ainda, pelo afã de ter sucesso numa carreira equivocadamente julgada fácil, mas dificílima e penosíssima, onde um número enorme de jovens se perde todos os anos. Mas, claro, só aparecem as lindas e bem-sucedidas, cuja vida para suas admiradoras é um mar de rosas de festas e glamour. E que padrão de beleza é esse, será mesmo o padrão, digamos, ´natu-ral´, será de fato o preferido por homens e mulheres que não estão comprometidos com o conhecido ´Barbie look´?
Quanto às mulheres, massacradas sem clemência por gostosas irretocáveis (na verdade retocadas pelo Photoshop), que não têm uma manchinha na pele, uma estriazinha escondida, uma celulitezinha e ostentam dotes de uma perfeição na verdade fictícia, não posso falar muito. Mas quanto aos homens posso, porque ouço a opinião de muitos deles e não só saudosistas do modelo violão (em inglês ´hourglass look´, aparência de ampulheta), mas jovens também. Em primeiro lugar, devo afirmar enfaticamente, não por demagogia ou qualquer interesse subalterno, mas em função de uma permanente pesquisa sociológica informal, existe vasto e devotado mercado para as gordinhas e até para as mais gordinhas do que as gordinhas.
Meu querido e finado amigo Zé de Honorina deplorava a ´falta de carne´ da atualidade e a ausência de cintura que parece ser causada pela malhação contemporânea e admirava com sincero fervor estético certas enxúndias bem colocadas, em moças e senhoras que pas-savam pelo largo da Quitanda, onde fazíamos ponto. Eu mesmo tenho uma comadre gordinha, casada há décadas com um marido amantíssimo que a conheceu bem gordinha e fica indignado quando ela perde um quilinho.
Fatores culturais também interferem nisso. Se apreciamos uma calipígia (da bunda bela), as fronteiras com a esteatopígica (da bunda gordinha) são tê-nues e a rapaziada do boteco qualifica de divinal o que as americanas, que, para começo de conversa, não têm bunda nem para pensar em concorrer com a brasileira e, portanto, tendem a desdenhar o que não podem alcançar, consideram gorda. Mulher tem que ter cintura, violão ou ampulheta não interessa, mas é vital a formosa concavidade entre as costelas e as ancas.
Creio mesmo, que, consultada a opinião pública, tanto de homens como de mulheres, mesmo as descinturadas por uma malhação perversa, a maioria concordaria em que mulher tem que ter cintura, faz parte da figura feminina, é clássico, é até constituinte do doce mistério das mulheres. E há muitas gordinhas, sim senhor, mantidas no modelo violão. Está bem, violoncelo, mas com a cintura no lugar. E sei que as descinturadas, conscientemente ou não, também sabem disso, porque noto, entre as muito fotografadas, que elas procuram sempre posar curvando os quadris para um lado, fingindo ainda ter a cintura insensatamente perdida.
Agora, para alegria dos violonófilos e cinturistas, chega evidência científica de que o padrão esquelético ou Barbie nunca esteve com nada, não deverá estar com nada no futuro e só está com alguma coisa no presente devido a interesses de mercado circunstanciais. Diz aqui numa revista científica que o dr. indiano Devendra Singh, da Universidade do Texas, chefiando uma equipe que analisou centenas de milhares de textos literários ocidentais, onde eles refletiam as preferências estéticas de suas épocas, chegou à conclusão de que a cintura, notadamente, a cintura fina, sempre foi elogiadíssima nas mulheres e tida com um elemento básico em sua beleza.
Mais ainda, o dr. Singh estudou detidamente os dois grandes épicos indianos Mahabharata e Ramayana, além de poesia chinesa clássica, e as referências à beleza das mulheres com cintura fina são inúmeras. A tal ponto chegaram as pesquisas do Dr. Singh, também diz aqui na revista, que sua conclusão é de que o cérebro humano é naturalmente programado (wired) para considerar a cintura, principalmente a fina, como parte essencial da beleza feminina.
E, mais ainda, não se trataria de algo arbitrário na evolução da espécie, mas relacionado com a saúde. As que têm cintura- a-ha! -têm mais saúde. Isto sem dúvida abre horizontes quiçá radiosos para muitos de nós, homens ou mulheres, hoje escravizados pelo pensamento único imposto por estetas de meiatigela. Os modernos somos nós, os violonófilos; as antiquadas são as Barbies. Espero que o país se una em torno do restabelecimento do legítimo padrão nacional e que a mulher brasileira, pioneira natural solertemente desviada por uma falsa modernidade colonizada, reassuma sua estatuesca e inimitável majestade de Vênus tropical, das cheinhas às magrinhas, todas com cintura e bunda, o Criador seja louvado.
Sou provocado a aventurar-me em terreno tão resvaladiço por causa das notícias, cada vez mais freqüentes, de moças que, na busca de atingir o padrão de beleza vigente, caem vítimas de anorexia nervosa e morrem. Ninguém gosta de saber desses acontecimentos tristes, motivados pela ânsia de identificação com o modelo hegemônico ou, mais patético ainda, pelo afã de ter sucesso numa carreira equivocadamente julgada fácil, mas dificílima e penosíssima, onde um número enorme de jovens se perde todos os anos. Mas, claro, só aparecem as lindas e bem-sucedidas, cuja vida para suas admiradoras é um mar de rosas de festas e glamour. E que padrão de beleza é esse, será mesmo o padrão, digamos, ´natu-ral´, será de fato o preferido por homens e mulheres que não estão comprometidos com o conhecido ´Barbie look´?
Quanto às mulheres, massacradas sem clemência por gostosas irretocáveis (na verdade retocadas pelo Photoshop), que não têm uma manchinha na pele, uma estriazinha escondida, uma celulitezinha e ostentam dotes de uma perfeição na verdade fictícia, não posso falar muito. Mas quanto aos homens posso, porque ouço a opinião de muitos deles e não só saudosistas do modelo violão (em inglês ´hourglass look´, aparência de ampulheta), mas jovens também. Em primeiro lugar, devo afirmar enfaticamente, não por demagogia ou qualquer interesse subalterno, mas em função de uma permanente pesquisa sociológica informal, existe vasto e devotado mercado para as gordinhas e até para as mais gordinhas do que as gordinhas.
Meu querido e finado amigo Zé de Honorina deplorava a ´falta de carne´ da atualidade e a ausência de cintura que parece ser causada pela malhação contemporânea e admirava com sincero fervor estético certas enxúndias bem colocadas, em moças e senhoras que pas-savam pelo largo da Quitanda, onde fazíamos ponto. Eu mesmo tenho uma comadre gordinha, casada há décadas com um marido amantíssimo que a conheceu bem gordinha e fica indignado quando ela perde um quilinho.
Fatores culturais também interferem nisso. Se apreciamos uma calipígia (da bunda bela), as fronteiras com a esteatopígica (da bunda gordinha) são tê-nues e a rapaziada do boteco qualifica de divinal o que as americanas, que, para começo de conversa, não têm bunda nem para pensar em concorrer com a brasileira e, portanto, tendem a desdenhar o que não podem alcançar, consideram gorda. Mulher tem que ter cintura, violão ou ampulheta não interessa, mas é vital a formosa concavidade entre as costelas e as ancas.
Creio mesmo, que, consultada a opinião pública, tanto de homens como de mulheres, mesmo as descinturadas por uma malhação perversa, a maioria concordaria em que mulher tem que ter cintura, faz parte da figura feminina, é clássico, é até constituinte do doce mistério das mulheres. E há muitas gordinhas, sim senhor, mantidas no modelo violão. Está bem, violoncelo, mas com a cintura no lugar. E sei que as descinturadas, conscientemente ou não, também sabem disso, porque noto, entre as muito fotografadas, que elas procuram sempre posar curvando os quadris para um lado, fingindo ainda ter a cintura insensatamente perdida.
Agora, para alegria dos violonófilos e cinturistas, chega evidência científica de que o padrão esquelético ou Barbie nunca esteve com nada, não deverá estar com nada no futuro e só está com alguma coisa no presente devido a interesses de mercado circunstanciais. Diz aqui numa revista científica que o dr. indiano Devendra Singh, da Universidade do Texas, chefiando uma equipe que analisou centenas de milhares de textos literários ocidentais, onde eles refletiam as preferências estéticas de suas épocas, chegou à conclusão de que a cintura, notadamente, a cintura fina, sempre foi elogiadíssima nas mulheres e tida com um elemento básico em sua beleza.
Mais ainda, o dr. Singh estudou detidamente os dois grandes épicos indianos Mahabharata e Ramayana, além de poesia chinesa clássica, e as referências à beleza das mulheres com cintura fina são inúmeras. A tal ponto chegaram as pesquisas do Dr. Singh, também diz aqui na revista, que sua conclusão é de que o cérebro humano é naturalmente programado (wired) para considerar a cintura, principalmente a fina, como parte essencial da beleza feminina.
E, mais ainda, não se trataria de algo arbitrário na evolução da espécie, mas relacionado com a saúde. As que têm cintura- a-ha! -têm mais saúde. Isto sem dúvida abre horizontes quiçá radiosos para muitos de nós, homens ou mulheres, hoje escravizados pelo pensamento único imposto por estetas de meiatigela. Os modernos somos nós, os violonófilos; as antiquadas são as Barbies. Espero que o país se una em torno do restabelecimento do legítimo padrão nacional e que a mulher brasileira, pioneira natural solertemente desviada por uma falsa modernidade colonizada, reassuma sua estatuesca e inimitável majestade de Vênus tropical, das cheinhas às magrinhas, todas com cintura e bunda, o Criador seja louvado.
Filme: Corporações - Noam Chomsky
Flexibilidade do Mercado de Mão-de-obra:
Noam chomsky descreve como é vantajoso para as corporações, promover a insegurança no trabalho.
Francisca na direção - Silvia Curiati
Francisca usava óculos Ray-Ban e dirigia um carro vermelho com vidros abertos. Mantinha o som em volumes quase grosseiros aos tímpanos, e estava numa fase Guns'n'Roses. Sweet Child O'Mine em loop na ida e na volta. Alternava, às vezes, com You Could Be Mine. Ambas cantava a plenos pulmões, como se fosse o próprio Axl. Chamava a atenção no trânsito, ponto.
Aurélio atravessou a rua na frente do carro de Francisca, que obedecia a uma placa de Pare. Ela gritava "... but you´re waaaaaaay out of liiiiiine..." e ele olhou. Sentiu que aquela mulher estranha e instigante cruzaria seu caminho mais uma vez. Mas foi uma sensação rápida, nem eu mesma teria percebido se não fosse uma narradora onisciente.
Aurélio seguiu pela calçada do lado direito e Francisca dobrou à direita. Seguiram paralelos, ela de carro vermelho e ele a pé. Logo adiante, ela virou novamente à direita para entrar no estacionamento. É verdade que estava numa velocidade um tanto elevada para alguém que subiria numa calçada, mas Guns era contagioso "...yoooooou should be.....".
Foi quando suas vidas se cruzaram novamente, como Aurélio previu. A sua, no entanto, abreviada por mais uma destas fatalidades. Um encontro casual, nada mais.
Aurélio atravessou a rua na frente do carro de Francisca, que obedecia a uma placa de Pare. Ela gritava "... but you´re waaaaaaay out of liiiiiine..." e ele olhou. Sentiu que aquela mulher estranha e instigante cruzaria seu caminho mais uma vez. Mas foi uma sensação rápida, nem eu mesma teria percebido se não fosse uma narradora onisciente.
Aurélio seguiu pela calçada do lado direito e Francisca dobrou à direita. Seguiram paralelos, ela de carro vermelho e ele a pé. Logo adiante, ela virou novamente à direita para entrar no estacionamento. É verdade que estava numa velocidade um tanto elevada para alguém que subiria numa calçada, mas Guns era contagioso "...yoooooou should be.....".
Foi quando suas vidas se cruzaram novamente, como Aurélio previu. A sua, no entanto, abreviada por mais uma destas fatalidades. Um encontro casual, nada mais.
sábado, janeiro 13, 2007
Eu sei, mas não devia - Marina Colasanti
Eu sei que a gente se acostuma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
Mas não devia.
A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.
A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.
A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.
A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.
A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.
A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.
Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.
A gente se acostuma para poupar a vida.
Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.
sexta-feira, janeiro 12, 2007
segunda-feira, janeiro 08, 2007
Arte de espremer cravos e espinhas - Xico Sá
Aqui nos pegamos, numa sessão de nostalgia com testosterona, para lembrar os tempos em que as mulheres espremiam nossas espinhas e tiravam todos os cravos do nariz e arredores - inclusive aqueles na ponta da napa, motivo suficiente para gritaria e espirros tantos da nossa parte.
Reclamávamos nesse momento, éramos chamados de frouxos. Inevitáveis comparações com a dor do parto e outras dores femininas ecoavam no ar nessa hora solene. E quando elas escolhiam justo a hora do futebol, o ataque do time deo coração...
Hoje, quando estão praticamente extintas as mulheres da brigada contra cravos e espinhas (conheço apenas um exemplar, uma descendente de Iracema, ali das subidas da gruta de Ubajara, que habita hoje a margem esquerda do Capibaribe, no Recife) , sentimos a perda, uma vez que nunca dominamos muito bem essa arte. Nem mesmo na adolescência, quando nos transformamos em verdadeiros e monstruosos Mr. Hydes - culpa, óbvio, do glorioso vício solitário, que além das espinhas ainda nos pregava pêlos na palma da mão.
Como não acreditamos nos milagrosos creminhos usados pelos metrossexuais - esse novo tipo de homem moderno gerado da costela de David Beckhan - preferimos incentivar o resgate da prática feminina de tirar cravos e espinhas, essa bela e útil mania praticamente extinta nos dias que correm.
Vez por outra ainda damos a sorte de avistar, em alguma parada de ônibus, uma voluntariosa senhora ou senhorita a espremer o rosto de um camarada. Sempre uma bela cena produzida pelos suburbanos corações.
Não tem a menor graça, nesse mundo tão imbecilmente profissionalizado, a limpeza de pele dos salões de beleza. Seu rosto ali entregue a amistosas funcionárias sem nenhuma intimidade, mulheres que nunca ouviram os nossos roncos de noite na cama. É o tipo de serviço que exige histórico de intimidades. Tal arte carece de pelo menos um mês de namoro ou acasalamento. Não é tarefa para qualquer uma. É tão delicado quanto tirar a roupa pela primeira vez na frente de outrem - e, pensando bem, uma reveladora prova de devoção.
A menos que seja uma perversa incatalogável, uma gazela não escarafuncha suas crateras à toa. Quando ela posiciona aqueles dois indicadores sobre a sua bíblica face, parece aceitar a convivência harmoniosa até com as nossas mais indignas impurezas. É provação. Coisa boa demais para a leseira das belas tardes de domingo.
link: Diario do Nordeste
Reclamávamos nesse momento, éramos chamados de frouxos. Inevitáveis comparações com a dor do parto e outras dores femininas ecoavam no ar nessa hora solene. E quando elas escolhiam justo a hora do futebol, o ataque do time deo coração...
Hoje, quando estão praticamente extintas as mulheres da brigada contra cravos e espinhas (conheço apenas um exemplar, uma descendente de Iracema, ali das subidas da gruta de Ubajara, que habita hoje a margem esquerda do Capibaribe, no Recife) , sentimos a perda, uma vez que nunca dominamos muito bem essa arte. Nem mesmo na adolescência, quando nos transformamos em verdadeiros e monstruosos Mr. Hydes - culpa, óbvio, do glorioso vício solitário, que além das espinhas ainda nos pregava pêlos na palma da mão.
Como não acreditamos nos milagrosos creminhos usados pelos metrossexuais - esse novo tipo de homem moderno gerado da costela de David Beckhan - preferimos incentivar o resgate da prática feminina de tirar cravos e espinhas, essa bela e útil mania praticamente extinta nos dias que correm.
Vez por outra ainda damos a sorte de avistar, em alguma parada de ônibus, uma voluntariosa senhora ou senhorita a espremer o rosto de um camarada. Sempre uma bela cena produzida pelos suburbanos corações.
Não tem a menor graça, nesse mundo tão imbecilmente profissionalizado, a limpeza de pele dos salões de beleza. Seu rosto ali entregue a amistosas funcionárias sem nenhuma intimidade, mulheres que nunca ouviram os nossos roncos de noite na cama. É o tipo de serviço que exige histórico de intimidades. Tal arte carece de pelo menos um mês de namoro ou acasalamento. Não é tarefa para qualquer uma. É tão delicado quanto tirar a roupa pela primeira vez na frente de outrem - e, pensando bem, uma reveladora prova de devoção.
A menos que seja uma perversa incatalogável, uma gazela não escarafuncha suas crateras à toa. Quando ela posiciona aqueles dois indicadores sobre a sua bíblica face, parece aceitar a convivência harmoniosa até com as nossas mais indignas impurezas. É provação. Coisa boa demais para a leseira das belas tardes de domingo.
link: Diario do Nordeste
quarta-feira, janeiro 03, 2007
O melhor de Jim Carrey
Vera De-Milo:
Jim Carrey e Will Ferrel:
Fire Marshall Bill:
Fire Marshall Bill II:
Jim Carrey e Will Ferrel:
Fire Marshall Bill:
Fire Marshall Bill II:
O poder de um decote - Silvia Curiati
Ela nunca usava decote, pensou ao entrar no restaurante. Tinha belas pernas, mas ele queria ver a sua saboneteira. Bem que hoje ela poderia abrir uma exceção. Não há nada mais sensual que saboneteiras salientes.
Sentou-se e pediu um uísque, duas pedras de gelo, enquanto esperava por sua companhia.
Onze minutos depois ela entra, apressada mas elegante, como se realmente estivesse preocupada com o atraso mas sem nenhuma intenção de desculpar-se.
Olha rapidamente ao redor e o identifica. Caminha em sua direção, fazendo movimento de tirar os braços do casaco pesado que a protegia do vento frio. Faz uma pausa no gesto para arrumar o cabelo e desnuda seu corpo de maneira prática, que não poderia ser mais sensual aos olhos dele.
O colo estava ali, dourado, sem adornos que atrapalhassem a visão. O pescoço parecia mais longo e os cabelos ganharam um charme especial, contrastando com a cor do colo coberto por uma peça azul royal que ele nem se preocupou em ver se era blusa ou vestido.
Não escondeu o sorriso quando ela se sentou. Linda, você está linda. Ela agradeceu com o olhar.
O papo foi longo, lento, cheio de pausas. Cenário ideal para uma contemplação.
Ela tinha uma pequena espinha rosada querendo aparecer no seio direito. Bem pequena, bem discreta. Poderia ser uma picada de um filhote de pernilongo, mas ele preferiu assumir ser uma espinha. Uma pequena mácula na perfeição que era aquele colo.
A noite terminou horas mais tarde que o imaginado. Copos de licor e xícaras de café iam e vinham, ora cheios, ora vazios. Despediram-se com um abraço e um carinhoso beijo no rosto como tinha de ser. Ele já a conhecia o suficiente para saber que, se queria conquistá-la, deveria começar pelo intelecto e aos poucos, com segurança e sem pressa, retornar ao plano físico.
Antes de ir, no entanto, olhou novamente para a espinha, desta vez sem procurar disfarçar. Ela sentiu-se desejada, mas ele não percebeu.
Ele passou a noite em claro, pensando em revê-la logo, antes que a espinha fosse curada sem deixar rastros.
Sentou-se e pediu um uísque, duas pedras de gelo, enquanto esperava por sua companhia.
Onze minutos depois ela entra, apressada mas elegante, como se realmente estivesse preocupada com o atraso mas sem nenhuma intenção de desculpar-se.
Olha rapidamente ao redor e o identifica. Caminha em sua direção, fazendo movimento de tirar os braços do casaco pesado que a protegia do vento frio. Faz uma pausa no gesto para arrumar o cabelo e desnuda seu corpo de maneira prática, que não poderia ser mais sensual aos olhos dele.
O colo estava ali, dourado, sem adornos que atrapalhassem a visão. O pescoço parecia mais longo e os cabelos ganharam um charme especial, contrastando com a cor do colo coberto por uma peça azul royal que ele nem se preocupou em ver se era blusa ou vestido.
Não escondeu o sorriso quando ela se sentou. Linda, você está linda. Ela agradeceu com o olhar.
O papo foi longo, lento, cheio de pausas. Cenário ideal para uma contemplação.
Ela tinha uma pequena espinha rosada querendo aparecer no seio direito. Bem pequena, bem discreta. Poderia ser uma picada de um filhote de pernilongo, mas ele preferiu assumir ser uma espinha. Uma pequena mácula na perfeição que era aquele colo.
A noite terminou horas mais tarde que o imaginado. Copos de licor e xícaras de café iam e vinham, ora cheios, ora vazios. Despediram-se com um abraço e um carinhoso beijo no rosto como tinha de ser. Ele já a conhecia o suficiente para saber que, se queria conquistá-la, deveria começar pelo intelecto e aos poucos, com segurança e sem pressa, retornar ao plano físico.
Antes de ir, no entanto, olhou novamente para a espinha, desta vez sem procurar disfarçar. Ela sentiu-se desejada, mas ele não percebeu.
Ele passou a noite em claro, pensando em revê-la logo, antes que a espinha fosse curada sem deixar rastros.
Rebulicação: Ilha das flores
Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho. Documentário de Jorge Furtado.
PARTE I :
PARTE II:
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