segunda-feira, junho 27, 2005

Atrás de toda grande mulher há sempre um grande homem





Camille Claudel, mulher do escultor Auguste Rodin




Nasceu numa pequena cidade do Tardenois, nos arredores de Paris, sendo a segunda entre quatro irmãs em uma família burguesa francesa. O primeiro filho, também chamado Camille, morreria logo após nascer e portanto Camille Claudel, menina, tornou-se assim irmã mais velha, sendo o caçula Paul Claudel, que viria a tornar-se o festejado poeta, escritor católico e diplomata do Estado francês. Camille contou sempre com o apoio paterno e conviveu com ma certa rusga com a mãe e a irmã Louise,que viria a acentuar muito o final de sua vida. Incentivada pelo pai, pôde desenvolver sua vocação artística, dedicando-se aos seus primeiros estudos de escultura. Posteriormente, em 1881 (Camille com 17 anos ) a família Claudel mudou-se para Paris, estimulada pela sugestão do escultor Boucher a Camille, que reconhecia nela um talento a ser desenvolvido e,pela preocupação de seu pai que procurava melhorar os padrões de educação e preparo dela e de seus irmãos. Em Paris, Boucher que orientava até então Camille Claudel, recomendou-a a Rodin. Ela viria a se tornar sua aluna, discípula, colaboradora e amante. Camille logo demonstrou sua grande habilidade e foi uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento de váriuos projetos, de esculturas ou de parte delas, dentre as encomendas que chegavam ao atelier do grande escultor, então em grande fase criativa e no limiar de um reconhecimento mais consistente. Surgiu entre eles um romance, que viria a durar quase 15 anos. Trabalharam juntos numa comunhão de talentos e de identidades criativos até o afastamento definitivo que ocorreria por volta de 1894. Após a ruptura, que marcaria profundamente Rodin e sua obra, o sentimento de fracasso afetivo e a solidão encaminharam a frágil estrutura emocional de Camille ao desespero, ao ressentimento e ao ódio de seu antigo companheiro. Passou a viver isolada em seu atelier, restrita a um espaço úmido e mal conservado em plena Ile de Saint-Louis, no coração de Paris. Após várias manifestações de uma paranóia persecutória, naufragada na miséria, na solidão e no desespero da falta de reconhecimento que lhe teria sido importante num dado momento, Camille passou a responsabilizar de maneira crescente a Rodin pelos seus insucessos e dificuldades,a ponto de colocar em risco sua própria vida. Vivendo pobremente, assistiu cerraram-se suas oportunidades como escultora uma vez que lhe faltavam encomendas para obras em espaços públicos, o que lhe atribuía a influências nefastas de seu antigo mestre. Passou a esculpir para logo em seguida, destruir e enterrar seus estudos e maquetes.
Dessa maneira, melancolicamente foi internada por sua família num asilo de alienados, no ano de 1913, uma semana depois da morte de seu pai, que sempre a protegera e auxiliara na medida do possível. No hospício a que foi destinada, ficaria reclusa e quase esquecida de seus pouco amigos e familiares, até falecer em 1943. Procedeu-se assim numa espécie de condenação e cumprimento de uma silenciosa pena de prisão perpétua, que durou trinta anos e extinguiu a chama do talento e da vivacidade de uma grande escultura.

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