terça-feira, janeiro 24, 2006

Como dar uma Festa? - Walter Carrilho

Verão é época de dar festas, chamar os amigos, etc. Mas a grande dúvida é: como saber se a minha festa está legal? Como é uma festa bem sucedida? Você deve estar pensando que uma festa bem sucedida é aquela em que tudo dá certo. Errado. Festa boa, ou pelo menos a festa que será lembrada por todos durante anos, é aquela em que reina o caos. As pessoas não querem apenas bebericar um licor de cassis. Elas querem terminar a festa em algum lugar no mato, bêbadas, seminuas e sem saber como chegaram até lá.
Quanto mais caótica, melhor a festa. Para ter uma idéia do nível ideal de caos, observe a ocorrência dos seguintes fatos:

8h da noite: você está dormindo. Festa boa não começa às 8 da noite, mané!Pule para o próximo item!

Meia noite: surgem os primeiros convidados. Entre eles, um monte de gente que você nunca viu na vida. Isso inclui um time de basquete, um travesti, um malabarista chinês, um gorila e o regimento inteiro do segundo batalhão da guarda do exército.

1 da madrugada: o som é alto e ensurdecedor. Tão alto que alguns policiais aparecem para dar uma dura. Mas acabam gostando da bagunça e ficam para beber umas cervejas. Junto com o Gorila. Ah, e com o chinês também. Que, por sinal, não fala uma palavra em português. Mas ninguém se importa. O Amaury Júnior aparece de bicão na festa.

2 da madrugada: a bebida acaba. Em desespero, as pessoas atacam os produtos de limpeza encontrados na cozinha. O travesti derruba um cigarro no coquetel de querosene. O sofá pega fogo. O pessoal improvisa uma dança da chuva em volta da fogueira. Alguém tem a idéia de lançar o Amaury na fogueira. E a idéia é plenamente aceita.

3 da madrugada: começam as primeiras brigas. Móveis são quebrados e garrafas voam. Restos orgânicos se espalham pelo chão. Pode ser comida, vômito, vinho ou sangue. Não há como distinguir direito. Uma ambulância aparece para levar os feridos. E os enfermeiros acabam ligando para o hospital para pedir reforços, já que também é necessário levar alguns convidados que entraram em coma alcoólico. O Gorila fica puto e joga os enfermeiros pela janela. Alguns convidados pensam que é um concurso de saltos ornamentais e pulam juntos.

4 da madrugada: uma gangue de punks invade a festa para quebrar o que sobrou da mobília. Você sente vontade de pedir asilo político no Iraque (um lugar um pouco mais seguro...).

5 da madrugada: surge um marido enfurecido e armado com um revólver em busca de sua esposa. Em meia hora já está enturmado e esquece de sua cara-metade. Aliás, ele nem percebe que ela está debaixo de uma mesa, aos beijos com um artista plástico do terceiro escalão. Ela está lá desde as 3 da madrugada, depois de ter feito sexo com o gorila e o time de basquete. Todos ao mesmo tempo.

6 da manhã: o local dever estar com uma aparência semelhante a Berlim em 1945. Algumas pessoas estão desmaiadas pelo chão, outras estão desaparecidas. Os bombeiros aparecem para fazer uma operação de reconhecimento. A prefeitura instala estado de calamidade pública. Uma semana depois você ainda vai encontrar bêbados perdidos pela casa (debaixo do abajur, no armário de mantimentos, lugares assim).

Se tudo isso acontecer a sua festa será um sucesso. Você terá cacife social para fazer várias outras festas. Lógico, primeiro será necessário descolar um bom advogado para sair da cadeia...

segunda-feira, janeiro 23, 2006

A Passagem


(clique no título e entre no site oficial. O grande delírio da vida )

Qual sua interpretação?

domingo, janeiro 22, 2006

Em Busca do Sorriso Perfeito - Silvia Curiati

Não era por pura vaidade que se olhava tanto no espelho. Claro, poderíamos descrever como vaidade a sua busca pelo sorriso adequado. Ensaiava suas expressões mais que qualquer artista de teatro. Seu medo era fazer cara feia quando conhecesse o homem de sua vida. Desenvolveu essa cisma quando começou a reparar que as pessoas nem sempre reagem às situações com a expressão correta. Normalmente fazem uma cara esquisita, meio torta, dão um sorrisinho sem graça que não demonstra nada além do susto que levaram no momento.Ela queria ser perfeita. Queria que seus olhos brilhassem, seus lábios se abrissem na medida certa, seu nariz não parecesse enrugado e que seu corpo não emitisse nenhum ruído estranho. Queria ouvir anjos tocando harpa, no tal momento esperado. Talvez uma borboleta ou duas resolvessem cruzar o caminho, brincando. Ficaria bonita, a cena. Meio kitsch, mas o amor é brega mesmo.Um perfume seria oportuno. Um cheiro suavemente doce, nada enjoativo, deveria passar de leve. Podia estar um pouco frio, mas a presença do sol era essencial. E flores, claro... como ia esquecer-se das flores. Tulipas eram suas favoritas, mas no meio da capital seria complicadíssimo achar um jardim de tulipas. Deveria contentar-se com qualquer uma, mas definitivamente o jardim teria que estar lá.Por isso ensaiava o sorriso. Todos os dias, incansável. Parava em frente ao espelho e sorria. Estava, então, no espelho de um elevador. Fazia os sorrisos tipo 1, 2, o 3, que era seu favorito. Mudava o ângulo de visão, porque afinal de contas não sabia por onde ele chegaria. Poderia estar subindo uma escada, saindo de um carro, sentado ao seu lado numa sala de cinema, descendo uma rua, ou até mesmo... entrando no elevador.Abre a porta, o homem de sua vida. Ela estava de costas e sentiu a sua presença. Virou com o sorriso número três congelado, a cabeça inclinada para cima porque o imaginava descendo a tal rua no ponto em que tudo aconteceu. Nada de flores. Nada de perfume, música, borboletas. Nada do essencial sol. Nada além de um caixote marrom com espelhos em volta.Ele a cumprimenta com um "bom dia" e ela não consegue responder, com o pescoço torcido, o rosto para cima, os olhos vidrados e a boca escancarada. Ele ri curioso, e saindo do elevador, comenta que ela tinha uma caquinha na narina esquerda. Não usou o termo "caquinha", foi um pouco mais discreto. Então completou que ainda assim ela estava muito elegante.E foi neste cenário perfeito que ela conheceu o homem da sua vida.

quinta-feira, janeiro 19, 2006

Jogo: Hapland 2

(clique nos links ao lado e desvende esse quebra-cabeça)
http://www.foon.co.uk/farcade/hapland/
http://www.minijuegos.com/juegos/jugar.php?id=3264

Entre fábricas e moinhos

Jogo: 50 Grandes jogos

(clique no título e jogo os 50 melhores jogos para se perder tempo na internet. Nem ao estilo PARERGA!)

terça-feira, janeiro 17, 2006

Porto das Dunas, Ceará

A arte do absurdo - jornal O POVO: 12 Janeiro 2006

Divulgada pelo Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a exposição Geijitsu Kakuu e seu autor japonês Souzousareta Geijutsuka, na verdade, não existem. Tudo não passa de um "artista fictício" inventado pelo cearense Yuri Firmeza

YURI Firmeza, artista plástico cearense participa do projeto Artista Invasor, do Centro Dragão do Mar

Por essa, poucos esperavam. Uma exposição de arte contemporânea anunciada pela imprensa local era peça de ficção e seu autor, inexistente. Afinal de contas, quem iria de prontidão pôr em cheque a existência de um "renomado" artista plástico japonês, que viria ao Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura - entidade-referência nas arte no Estado - para montar uma exposição sobre arte e tecnologia? Mas tanto a mostra Geijitsu Kakuu quanto o artista japonês Souzousareta Geijutsuka não passavam de um simulacro que ganhou um breve status de realidade. Após a veiculação de matérias de destaque nos principais jornais da cidade, o segredo é revelado: a tal exposição e o tal artista nada mais eram que invenções do artista plástico cearense (esse sim, real!) Yuri Firmeza.
Yuri não chega a definir o suposto artista japonês como pseudônimo nem como personagem. "Ambos são o meu trabalho, que basicamente procura questionar as regras do jogo que movem o campo da arte contemporânea", explica. Yuri acrescenta que a tradução de Souzousareta Geijutsuka, do japonês para o português, significa 'artista inventado' e o nome da exposição Geijitsu Kakuu traduz-se por 'arte e ficção'. "Na verdade, não se trata de uma crítica à arte contemporânea em geral, mas sim de revelar nas entrelinhas como se estrutura o sistema que vai desde museus, galerias e bienais até curadores, críticos de arte e imprensa. Esses elementos acabam legitimando a arte de tal forma, que para se criar um artista hoje não se leva mais em conta apenas o estético, mas sobretudo fatores mercadológicos. Boa parte da produção contemporânea se submete a isso", afirma.
Segundo Yuri, a divulgação da exposição fictícia nos jornais foi uma das peças fundamentais para que seu trabalho desse certo. "Se não tivesse sido publicado no jornal, não conseguiria trazer à tona toda essa discussão. O trabalho corria riscos desde o início, porque era preciso publicar essa exposição como se fosse real na mídia. O jornal acaba sendo um meio de espetacularização da arte", explica. O artista cearense apóia-se nas teorias do filósofo e sociólogo Pierre Bourdieu para argumentar que o jornalismo tem poder de sedução do público de massa. "Em Livre-Troca, Bourdieu diz que cinco minutos de jornal vale mais do que uma palestra de cinco mil pessoas. Todas as instituições querem visibilidade na mídia. A arte perde a autonomia e se rende ao capital", afirma.
No entanto, para questionar tal visibilidade, era preciso fazer uso da mesma. Yuri chegou até a criar uma assessoria de imprensa - independente do Centro Dragão do Mar - com o intuito de tornar crível a divulgação da exposição aos meios de comunicação. Primeiro, escreveu um atraente press-release sobre a suposta exposição e o currículo do tal artista japonês, reafirmando sua importância no "panorama das relações entre arte, ciência e tecnologia". Em anexo, foram enviadas algumas fotografias, que nada mais eram que imagens caseiras feitas por Yuri, manipuladas no photoshop. Depois, usando o codinome de uma assessora fictícia batizada de "Ana Monteja", o próprio Yuri mandou o material à imprensa por e-mail. Já a assessoria do Centro Dragão do Mar divulgou o evento como se fosse uma exposição normal, sem qualquer conhecimento prévio de que tal exposição não existia. Yuri acrescenta que seu trabalho de "conotação política" não tem a intenção de denegrir qualquer jornal ou museu específicos, mas defende que "nenhuma instituição pode interferir na liberdade de criação do artista".
Questionado sobre a possibilidade do episódio da "falsa exposição" afetar a credibilidade do Museu de Arte Contemporânea e do Centro Dragão do Mar enquanto instituições perante à imprensa e ao público, o diretor do MAC, Ricardo Resende, afirma que o museu tinha pleno conhecimento da iniciativa de Yuri, convidado para participar da quarta edição do projeto Artista Invasor, que já expôs obras de Jared Domício, Marta Neves e Solon Ribeiro. "Quando convidamos o Yuri para ser o artista invasor no período de janeiro a março, ele veio com essa proposta bastante provocadora do artista ficcional. Obviamente não sabíamos quais seriam as conseqüências e ainda estamos refletindo sobre isso. O trabalho de Yuri é conceitual e faz com que a gente repense a maneira como entendemos arte e como as informações são construídas. Não podemos reprimir essas experimentações", explica. Até o fechamento desta edição, a reportagem do O POVO tentou contactar o presidente do Centro Dragão do Mar, Augusto César Costa, mas a assessoria da instituição afirmou que ele não concederia qualquer entrevista à imprensa e que só se pronunciaria sobre o assunto, durante o "Chá com Porradas", bate-papo marcado para a noite de ontem com Yuri Firmeza e Ricardo Resende, no MAC. Yuri afirmou estar disposto inclusive a conversar abertamente com jornalistas sobre o episódio. "Dessa vez, será verdade", brincou o artista.
Segundo a jornalista Adísia Sá, houve erro tanto por parte do Centro Dragão do Mar, que perpertuou a brincadeira, quanto dos próprios jornalistas, que acreditaram na fonte sem apurar sua veracidade. "O Dragão compactuou com a farsa, para fazer charme. Quem se desgasta é a fonte. Vai demorar muito para o Dragão restaurar sua credibilidade. Por outro lado, não há fonte absolutamente veraz. A informação deve ser buscada e investigada pelos jornalistas", explica Adísia. Já Resende reafirma que a credibilidade do MAC não será afetada. "Yuri nos colocou nesse caldeirão. Nós assumimos esse risco, mas não vejo como seríamos desacreditados por causa do trabalho de um artista, que na verdade está provocando um simulacro. Se a exposição tivesse sido divulgada como sendo de Yuri Firmeza, talvez o artista não tivesse tido a repercussão que está tendo agora", comenta. Resende diz que a direção do museu sentiu-se inclusive estimulada a criar em breve um curso de crítica de arte, para o segundo semestre de 2006. Segundo o diretor do MAC, a iniciativa polêmica de Yuri não é única no cenário da arte contemporânea. Ele lembra o trabalho do alemão Hans Haacke, que faz críticas severas à maneira como o Estado americano financia a cultura. Quando se fala de ludibriar a mídia com farsas bem elaboradas, os exemplos no campo da arte em geral são muitos: desde a transmissão radiofônica de A Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, pelo cineasta Orson Welles como se fosse uma verídica invasão de alienígenas na Terra; até a criação do heterônimo Julinho da Adelaide, por Chico Buarque, em plena ditadura militar dos anos 70.
Para Yuri, poucos são os artistas contemporâneos que têm a coragem de fugir dos clichês. "A arte contemporânea corre sérios riscos de não exercitar mais sua criatividade. Ao ficar subordinada ao mercado, tudo se torna mais fácil, mas muitos trabalhos não tem força para causar frisson no público. A arte precisa revelar suas forças e potências estéticas. É claro que existe uma produção contemporânea que vai na contramão, mas muitos trabalhos que vejo não dizem nada para mim. Então, das duas uma: ou o problema está na obra ou está no público", questiona. De acordo com Yuri, a arte contemporânea precisa estimular as sensações e fazer com que o público tenha uma percepção diferente do comum. "A arte deve transvalorizar o que está imposto como moda ou padrão, estimulando o pensamento como vagões desordenados. O meu trabalho não deixa o público indiferente", argumenta.
Enquanto O POVO divulgou a abertura da exposição Geijitsu Kakuu em uma breve coordenada - que, por ironia do destino, foi intitulada de "desconstruindo a arte" - na capa da edição de terça-feira do caderno Vida & Arte, o Diário do Nordeste dedicou duas páginas com direito à entrevista por e-mail com o suposto artista japonês Souzousareta. Na entrevista ao Caderno 3, Yuri "na pele" de Souzousareta já vinha dando pistas das discussões que pretendia levantadar com seu feito. "Não só no Brasil, mas me parece que em vários países desenvolvidos, as atividades da cultura precisam apresentar relevância mercadológica para encontrar linhas abertas de financiamento e incentivo. Precisamos estar o tempo todo brigando com nossa própria produção para não deixar que os clichês tomem conta de tudo. E é esse o problema, o público, em geral, adora clichês. Espero encontrar coisa diferente no Brasil", afirmou na entrevista. Segundo Yuri, o trabalho do artista existe no momento em que tal arte é definida como tal.
Farpas ao vento, nada do que foi divulgado como obra do artista japonês está exposto no Museu de Arte Contemporânea. O espaço abriga a singela reprodução da troca de e-mails que Yuri teve com o doutor em Filosofia, Tiago Themudo, durante todo o processo de construção da idéia. "Foram cerca de 30 e-mails trocados com o Tiago, pensando todas as questões da arte contemporânea que já citei". Segundo Tiago Themudo, o trabalho de Yuri Firmeza chama a atenção para a indistinção entre os produtos da arte e o campo do entretenimento. "O lucro e a boa campanha de marketing acabam se sobrepondo aos critérios estéticos. Além disso, todos os dias os jornais publicam mentiras. Seria até um contrasenso exigir do artista a verdade", argumenta. Tiago entende como "ressentimento editorial dos jornais" toda a repercussão depreciativa feita por alguns veículos de comunicação que chegaram a desclassificar Yuri e seu trabalho, além de pôr em cheque a credibilidade do Museu de Arte Contemporânea e do Dragão do Mar. "Espero que isso não se torne um mal-estar moral dentro das redações de jornal, mas uma oportunidade para fortalecer as discussões".
Com a polêmica rolando solta no ar, Yuri ainda confirmou que novas surpresas ainda estão por vir. "Vou realizar performances que não tem data, horário nem local prévio, durante os próximos dois meses", acrescenta o artista que, desde 2001, acumula no currículo performances polêmicas, como andar nu em locais públicos. Para quem duvida das proezas de Yuri, não custa nada conferir o site (http://yurifirmeza.multiply.com) ou o blog (www.yurifirmeza.zip.net) do artista.
Porto das Dunas, Ceará

sexta-feira, janeiro 13, 2006

De onde vim: Mato-Grosso

A Bandeira do Estado de Mato Grosso, foi criada pelo Decreto Governamental n° 2 em 31 de janeiro de 1890 que vigorou até o dia 8 de outubro de 1929, quando foi sancionada a Lei n° 1.046, de autoria do Deputado Estadual Oliveira Melo, que aboliu a “Bandeira particular do Estado”. Iremos transcrever a Lei, para que seu teor seja conhecido e justificado.

“LEI N° 1.045, de 8 de Outubro de 1929
O Dr. Mário Corrêa da Costa, Presidente do Estado de Mato Grosso.
Faço saber que a Assembléia Legislativa decretou e eu sancionei a seguinte lei:
Art. 1° - Fica abolida a bandeira criada pelo decreto n° 2, de 31 de janeiro de 1890, do Governo Provisório do Estado, com a denominação de “Bandeira particular do Estado Federal de Mato Grosso.
Art. 2° O culto cívico em todo o território do Estado deverá ser feito em torno da Bandeira Nacional, como símbolo da Pátria Brasileira, bandeira instituída pelo Decreto n° 4, de 19 de novembro de 1889, do Governo da República.
Art. 3° O Hino Nacional será o hino oficial do Estado.
Art. 4° Revogam-se as disposições em contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir fielmente.
O Diretor da Secretaria da Presidência do Estado a faça imprimir, publicar e correr.
Palácio da Presidência do Estado, em Cuiabá, 8 de Outubro de outubro de 1929, 41° da Republica.
Ass. Mario Corrêa da Costa
Armando de Souza
Foi selada e publicada a presente lei nesta Secretaria da Presidência do Estado, em Cuiabá, aos oito dias do mês de Outubro de mil novecentos e vinte e nove.
O Diretor
Jayme Joaquim de Carvalho”

Com o golpe de 10 de novembro de 1937, que instituiu o “Estado Novo” no Brasil, os Estados brasileiros perderam o direito de possuir os seus símbolos oficiais, restabelecidos com a Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 18 de setembro de 1946, nos seguintes termos:

Art. 195 – São símbolos nacionais a bandeira, o hino, o selo e as armas vigorantes na data da promulgação desta Constituição.
Parágrafo único – Os Estados e os Municípios podem ter símbolos próprios.”
A Constituição do Estado de Mato Grosso de 11 de julho de 1947, acompanhando o estabelecido pela Carta Magna Federal, garantiu os Símbolos Oficiais do Estado de Mato Grosso, revigorando a legislação anteriormente existente:
Art. 140 – O brasão de armas do Estado de Mato Grosso é o adotado pela Resolução Legislativa n° 799, de 14 de agosto de 1918, e sua bandeira será a estabelecida pelo decreto estadual n° 2, de 1890.
Parágrafo único - Aos Municípios é facultado ter símbolos próprios, nos termos do artigo 195, parágrafo único, da Constituição Federal.”

Conta-nos, o acadêmico Pedro Rocha Jucá, que a Bandeira do Estado de Mato Grosso é uma das mais antigas do país, uma vez que a sua criação ocorreu 73 dias depois da Bandeira do Brasil, que foi instituída pelo Decreto n° 4, do Governo Provisório da República do Brasil, a 19 de novembro de 1889, e a nossa pelo Decreto n° 2 de 31 de janeiro de 1890.
As cores da Bandeira do Estado de Mato Grosso são as mesmas da Bandeira Nacional, diferenciando apenas os ícones que representa.
A Bandeira é azul, com losango branco, tendo no centro uma esfera ou globo verde e uma estrela amarela com as suas pontas tocando, a circunferência da esfera.
O azul tem o mesmo significado que o da Bandeira do Brasil, retrata o exato momento da noite de 15 de novembro de 1880, vista do Rio de Janeiro, cidade que serviu de cenário para a Proclamação da República. “O céu representa a evolução de um princípio espiritual, acima da matéria, em busca da perfeição”.
O Branco, que preenche o losango, lembra o culto à mulher, como símbolo fundamental da Republica que o Positivismo de Augusto Comte eleva à condição de símbolo da Humanidade. O Branco, além da pureza, geralmente assim expressa, significa o Zodíaco, faixa que na esfera celeste é enriquecida e valorizada pelos movimentos do Sol, da Lua e dos planetas.
O Branco, que preenche o losango de nossa Bandeira, também simboliza a paz e a concórdia, pelo lado político, e o otimismo e a virtude, pelo ângulo psicosocial.
O Globo verde é a estilização da soberania, lembrando a grandeza territorial do nosso estado, caracteriza também a esperança e a juventude, projetando nos dias atuais a mensagem ecológica da convivência equilibrada do homem com as múltiplas manifestações da natureza, sem anular o desenvolvimento sócio-econômico e garantindo a manutenção do ambiente.
A Estrela é preenchida com a cor amarela. A estrela foi um dos mais importantes símbolos dos ideais republicanos, integrando com destaque a Bandeira do Brasil. Com a simbologia da Estrela-Estado vinda dos Estados Unidos da América, anteriormente já aproveitada na Bandeira do Império, a Bandeira do Estado de Mato Grosso reverenciou a filosofia positivista dominante na época e ao mesmo tempo interligou a grandeza territorial de Mato Grosso com a imensidão do universo, geralmente, também é citado para lembrar o ouro como uma das riquezas de Mato Grosso.
O amarelo traz em si o brilho da luz, da cultura, da riqueza, do poder e da glória, consolidando a autoridade com as bases da sabedoria.
Assim, é compostos a bandeira de nosso Estado, e justificado cada ícone e cores que a compõem, que chega a ser um reconhecimento e homenagem de unidade a pátria, pois suas cores foram reverenciadas, talvez pelas próprias semelhanças deste Estado com o País que tem em suas características, desde o recorte territorial, sua forma; sua extensão continental; riquezas naturais; miscigenação, valores morais e os princípios que balizam o povo brasileiro.

Ísis Catarina Martins Brandão.
Secretária do Institudo Memória

Fonte: “Os Símbolos Oficiais do Estado de Mato Grosso”, obra de Pedro Rocha Juca e acervo do Institudo Memória.
Taíba, Dezembro de 2005

Infeliz mente humana - por Kátia Maia

Ah, a infeliz mente humana. Sou infelizmente humana e como tal me sujeito à loucuras insanas às quais nossa mente nos lança e muitas vezes não sabemos mais como sair. Sou por natureza uma curiosa, sou por definição uma furiosa. Tenho raiva por me aventurar tanto e por me resguardar mais ainda. Essa constante insensatez de nossos passos e a busca incontrolável do que nunca saberemos ao certo o que na verdade é, nos reduz à (in)feliz condição humana.
Deus, quando colocou nesse planeta esses seres pensante, deu liberdade demais para que pudéssemos realizar conexões inimagináveis e conjecturações diversas. Criamos, assim, uma série de situações que parecerem se repetir – porque não somos tão criativos – ou terminam por nos surpreender porque estamos interagindo e nunca sabemos a reação do outro.
Ah, infeliz mente humana....
Tão ávida por saber, esquece-se de conhecer a si mesma e compreender que é falha na hora de lidar com o outro. Esquecemo-nos que há muito mais entre o pescoço e o couro cabeludo do que possa imaginar nossa mente vã. Ela nos prega peça e nos surpreende quando menos queremos. Sou uma perdida com minha mente. Tenho toda a racionalidade do mundo, mas, me pego, muitas vezes, chorando como uma criança sem autonomia nem autoridade para ser e estar. Me pego frágil e desamparada , entretanto, consciente da minha estrada (já sem volta) que me pregou peças implacáveis. Queria voltar, sim. Queria fazer tudo de novo da mesma fora, com pequenos ajustes. Queria, na verdade, não ter tido que tomar tantas decisões. Ah, infelizmente humana, fui. Fui mesmo. E agora, já não sei mais como consertar. Nem sei se quero. A dúvida foi um dos acessórios que me seria dispensável. Mas, vim com ela e vivo nela, constantemente. Tento por tudo não sofrer, ou sofre menos por conta de decisões duvidosas que tomei, mas, confesso, tenho estado cansada e, na dúvida, não ultrapasso. Nessa estrada, tudo o que eu queria, agora, era um cantinho para me sentar – à beira do caminho, que seja -, respirar um pouco de ar fresco e me renovar para seguir em frente. Com um pouco menos de dúvida e mais certezas.

quinta-feira, janeiro 12, 2006

Amálgama da arte



The Perfect One - Rivets

I´m here to say to you
I feel so alone when you´re not in my side
you know you´re the greatest one
I want you so much for the rest of my life
for you to know how happy I am
and I´ll be forever
and the reason is one, that´s cause I love you
I always believed in love
but never realized what I felt for you
you´re just the perfect one
when I´m at your side
oh, what can I do?
I want you to know that you´re a dream for me
and will be forever
you´ve got to believe you´re into my life
I´ll never forget you were always in my mind
and the reason is one
that´s cause all I, thats cause all I need is love, believe in me
I want you to know that cause all I need is love, believe in me
I want you to know that´s cause I love you

Jangadas de Pedra

Taíba, dezembro de 2005

Autêntica cultura clássica

Bem sei que a vida moderna não deixa tempo para a leitura de bons livros.
Assim, envio-lhe o resumo de clássicos da literatura que muito ajudarão
a engrandecê-lo culturalmente.

1) Leon Tolstoi: Guerra e Paz. Paris, Ed.
Chartreuse. 1200 páginas. Resumo:
Um rapaz não quer ir à guerra por estar apaixonado e por isso Napoleão invade Moscou. A mocinha casa-se com outro. Fim.

2) Marcel Proust: À La recherche du temps perdu.
(Em Busca do Tempo Perdido).
Paris, Gallimard.
1922. 1600 páginas. Resumo:
Um rapaz asmático sofre de insônia porque a mãe não lhe dá um beijinho de boa-noite. No dia seguinte (pág. 486. vol. I), come um bolo e escreve um livro. Nessa noite (pág. 1344, vol.VI) tem um ataque de asma porque a namorada (ou namorado? se recusa a dar-lhe uns beijinhos. Tudo termina num baile ( vol. VII) onde estão todos muito velhinhos - e pronto. Fim.

3) Luís de Camões: Os Lusíadas. Editora
Lusitania.Resumo:
Um poeta com insônia decide encher o saco do rei e contar-lhe uma história de marinheiros
que, depois de alguns problemas (logo resolvidos por uma deusa super-gente-fina), ganham a maior boa vida numa ilha cheia de mulheres gostosas. Fim.

4) Gustave Flaubert: Madame Bovary. 778
páginas. Resumo:
Uma dona de casa mete o chifre no marido e transa com o padeiro, o leiteiro, o carteiro, o
homem do boteco, o dono da mercearia e um vizinho cheio da grana. Depois entra em depressão, envenena-se e morre. Fim.

5) William Shakespeare: Romeo and Juliet. Londres,
Oxford Press. Resumo:
Dois adolescentes doidinhos se apaixonam, mas as famílias proíbem o namoro, as duas turmas saem na porrada, uma briga danada, muita gente se machuca. Então um padre tem uma idéia idiota e os dois morrem depois de beber veneno, pensando que era sonífero. Fim

6) William Shakespeare: Hamlet. Londres, Oxford
Press. Resumo:
Um príncipe com insônia passeia pelas muralhas do castelo, quando o fantasma do pai lhe
diz que foi morto pelo tio que dorme com a mãe, cujo homem de confiança é o pai da namorada, que entretanto se suicida ao saber que o príncipe matou o seu pai para se vingar do tio que tinha matado o pai do seu namorado e dormia com a mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a mãe, depois de falar com uma caveira e morre assassinado pelo irmão da namorada, a mesma que era
doida e que tinha se suicidado. Fim.

7) Sófocles: "Édipo-Rei" - tragédia grega. Várias
edições. Resumo:
Maluco tira uma onda, não ouve o que um ceguinho lhe diz e acaba matando o pai, comendo a mãe e furando os olhos. Por conta disso, séculos depois, surge a psicanálise que, enquanto mostra que você vai pelo mesmo caminho, lhe arranca os olhos da cara em cada consulta. Fim.

8) William Shakespeare: Othelo. Resumo:
Um rei otário, tremendo zé-ruela, tem um amigo muito fdp que só pensa em fazê-lo de bobo. O tal "amigo" não ganha um cargo no governo e resolve se vingar do rei, convencendo-o de que a rainha está dando pra outro. O zé-mané acredita e mata a rainha. Depois descobre que não era corno, mas apenas muito burro por ter acreditado no traíra. Prende o cara e fica
chorando sozinho. Fim.

Você economizou a leitura de pelo menos 7.000
páginas e R$ 500,00 em livros!!!
Não precisa me agradecer.
Aguardem próximos resumos.

Último pôr-do-sol de 2005

Taíba, dezembro de 2005
por Kehdi

"Parerga" e suas aparições: Primeiro TVC, agora jornal O POVO

Buchicho Fortaleza, 12 de Janeiro de 2006
BLOG-SE
Parerga e Paraleponemas

[12 Janeiro 03h15min 2006]

Thiago Eduardo é cearense e escreve de tudo um pouco em seu blog. Aqui, você encontra dica de jogos, fotos, letras de músicas, histórias em quadrinhos, links legais como o de uma animação sobre alcoolismo, narrada por Nicole Kidman, crônicas e ensaios bem escritos. Destaque para "Pensamentos de Alguém Louco: Ensaio sobre a Vulnerabilidade Humana" e "Ser Grande". Muito bacana!
http://www.parergaeparaleponema.blogspot.com/

(clique no título para ver a publicação do site original do portal NO OLHAR do jornal O POVO. Ps: É Thiago Braga e não Thiago Eduardo, e outra, sou mato grossense e não cearense. Agradeço a todos os meus leitores que me fazem com que esse espaço se torne cada vez mais prazeroso para mim, e principalmente ao meu irmão, Thadeu Braga, colunista desde mesmo jornal por me dar essa oportunidade de ter o "Parerga" publicado em um jornal de grande circulação como O POVO. Mais uma vez valeu Rochedo! Obrigado a todos.)

terça-feira, janeiro 10, 2006

Luz e Espelho - por Marcello Napoli

Bizarrice de boca cheia - Por Sílvia Curiati

Tenho alguns pequenos rituais que sigo religiosamente, não importando o que pensem de mim. Já provei do contrário, fiz as coisas pelo avesso, na ordem inversa, mas o resultado é frustrante, então volto às minhas, por assim dizer, manias.
Por exemplo, quando eu como, deixo a melhor parte pro fim com o objetivo de preservar o melhor sabor na boca. Mesmo sabendo que tudo se mistura lá dentro. Mesmo sabendo que vou escovar os dentes em seguida, e que o sabor vai mudar. Sou assim.
Quer me deixar louca, é roubar aquele pedaço de pizza que está reservado no canto. O único que tinha muito catupiry, um pedaço de palmito e um de alcachofra. Meu namorado fez isso uma vez, lá na Tutto-Pizza. No fundo foi de propósito, porque não é possível que ele ainda não tenha me entendido. Perguntem a ele qual foi minha reação. Eu fiquei absolutamente indignada. Até me assustei comigo, mas senti muita raiva por haver perdido o único pedaço que eu realmente queria. Poderia ter comido a pizza inteira, eu só queria aquela parte. Morder o chocolate e roubar todo o recheio também é algo que me tira do sério.
Também como sanduíche pelas bordas, por último o miolo. O mesmo com pastel e torta. Vou rodeando as casquinhas, as pontas sem recheio, até chegar ao meio da coisa.
Há um ponto em que seguro o sanduíche por baixo, como se fosse uma bandeja, e vou rodando.
Havanetes, começo pela bolacha, assim o doce-de-leite fica pro fim. Merengue, pelo topo mesmo, porque a bolacha geladinha com chocolate e um pouco do marshmallow é uma delícia.
Não sei se isso é um hábito bobo, destes que todo mundo tem, ou se acaba influenciando minha vida negativamente. Transfiro um pouco desta mania pra outros pontos, por exemplo, prefiro passar por períodos muito ruins e depois me deleitar na felicidade suprema, do que viver no meio termo, morna, feliz e triste, sem uma definição.
O problema é quando estou quase terminando a fase ruim, vem alguém e rouba a parte boa, aquela pela qual eu salivava.
Talvez seja hora de rever meus conceitos. Engorda menos deixar de comer o que não é tão bom, e ir direto ao ponto. Fere menos pisar nas tristezas da vida e correr para abraçar o que realmente é importante

segunda-feira, janeiro 09, 2006

The Crims: the life of a criminal

(clique no título e conheça esse site que se tornou a grande febre do momento. Cadastre-se e escolha quem você vai ser na vida do crime: um cafetão, um ladrão, um assassino ou um gangster... Ganhe respeito e suba na vida. Drogue-se para ganhar mais energia e dinheiro. Use as prostitudas para ganhar respeito e prazer. Mate e estorque pessoas para ganhar reconhecimento. E boa sorte na vida do crime.)

sexta-feira, janeiro 06, 2006

Taíba, Dezembro de 2005

A arte de viver junto (anônimo)

Conta uma lenda dos índios Sioux que, certa vez, TouroBravo e Nuvem Azul chegaram de mãos dadas à tenda do velho feiticeiro da tribo e pediram: Nós nos amamos e vamos viver juntos.
Mas nos amamos tanto que queremos um conselho que nos garanta ficar sempre junto, que nos assegure estar um ao lado do outroaté a morte. Há algo que possamos fazer? E o velho,
emocionado ao vê-los tão jovens, tão apaixonados e tão ansiosos por uma palavra, disse: Há o que possa ser feito, ainda que sejam tarefas muito difíceis. Tu, Nuvem Azul, deves escalar o monte ao norte da aldeia apenas com uma rede, caçar o falcão mais vigoroso e trazê-lo aqui, com vida, até o terceiro dia depois da lua cheia. E tu, Touro Bravo, deves escalar a montanha do trono; lá em cima,encontrarás a mais brava de todas as águias. Somente com uma rede deverás apanhá-la, trazendo-a para mim viva! Os jovens se abraçaram com ternura e logo partiram para cumprir a missão. No dia estabelecido, na frente da tenda do feiticeiro, os dois esperavam com as aves. O velho tirou-as dos sacos e constatou que eram verdadeiramente formosos exemplares dos animais que ele tinha pedido. E agora, o que faremos? Os jovens perguntaram: Peguem as aves e amarrem uma à outra pelos pés com essas fitas de couro. Quando estiverem amarradas, soltem-nas para que voem livres. Eles fizeram o que lhes foi ordenado e soltaram os pássaros. A águia e o falcão tentaram voar, mas conseguiram apenas saltar pelo terreno. Minutos depois, irritadas pela impossibilidade do vôo, as aves arremessaram-se uma contra a outra, bicando-se até se machucar. Então o velho disse: Jamais esqueçam o que estão vendo, esse é o meu conselho. Vocês são como a águia e o falcão. Se estiver amarrado um ao outro, ainda que por amor, não só viverão arrastando-se como também, cedoou tarde, começarão a machucar um ao outro. Se quiserem que o amor entre vocês perdure, voem juntos, mas jamais amarrados. Libere a pessoa que você ama para que ela possa voar com as próprias asas. Essa é uma verdade de se viver junto e também nas relações familiares, de amizade e profissionais. Respeite o direito das pessoas de voar rumo ao sonho delas. A lição principal é saber que somente livres as pessoas são capazes de amar.

Sleeping In - The Postal Service

Last week I had the strangest dream that
everything was exactly how it seemed
where there was never any mystery of who
shot john f. kennedy
it was just a man with something to prove
slightly bored and severly confused
he steadied his rifle with his target in the
center
and became famous on that day in november
don't wake me I plan on sleeping in
again last night I had that strange dream
where everything was exactly how it seemed
no concerns about the world getting warmer
people thought that they were just being
rewarded
for treating others as they'd like to be treated
for obeying stop signs and curing diseases
for mailing letters with the address of the
sender
now we can swim any day in november
don't wake me I plan on sleeping in

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Taíba, Dezembro de 2005

Copos Humanos - parte II



Pensamentos de alguém louco: Ensaio sobre a vulnerabilidade humana - por Thiago Eduardo

Há uma medida pra saber o quanto você pode amar, o quanto você pode se deixar amar, o quanto você pode apostar todas as fichas? Há uma medida do quanto você pode se permitir um amor saudável, sem riscos e sem dores ao final do processo (ou mesmo no meio do mesmo)? Há como encontrar o amor da sua vida, sem antes se machucar com os "falsos amores da sua vida"?
A gente se engana muito (e facilmente!). Não reclamo disso! Afinal, pra que serve a vida se não para se experimentar? Experimentar o amor, o desamor, a falta de amor, o carinho, a falta de carinho, a atenção e a falta de atenção? Para que serve a vida se não para aprender com os amigos, com os conselhos, com os elogios e com as críticas? Eu adoro conselhos, e as críticas sempre são bem vindas. Cresço com eles. (e você, aceita os conselhos e críticas?) Pra que serve a vida se não para amar muito, muito, muito?
Todos que me conhecem sabem que sou declaradamente romântico: do exagero e dos carinhos ao sofrimento. Passo por todos os estágios de um amor romântico, e adoro! Cresço a cada nova paixão (seja ela correspondida ou platônica!). Já trai, já fui traído e não creio que seja algo louvável, mas são experiências. Chorar as dores é um dos melhores remédios. Guardar ódio é um dos piores.
E a vulnerabilidade, cadê? Bem, quem não é vulnerável? (algumas pessoas se atreveriam a levantar a mão, eu não as julgaria, mas também não faria aceno com a cabeça confirmando-as). Todos somos vulneráveis. Dizem que há pessoas mais fortes do que as outras, que agüentam mais sofrimentos que as outras, e eu acho isso uma enorme bobagem. O que há são pessoas que vivem vidas diferentes, momentos diferentes, laços familiares diferentes. E elas assim estão para aprender (e tudo bem se o aprender significa sofrer, para mim ambos estão estritamente ligados!). E então por que criar padrões de comportamento, de sentimento e mesmo de amor?
As pessoas, a sociedade em geral, tranquilizam-se em caminhar por padrões de vida considerados corretos pela mesma sociedade. É um círculo vicioso: acredita-se que o certo é isso e que destoar desse caminho certo é no mínimo ser louco! (e por isso o título do texto desa edição: Pensamentos de alguém louco...) E sou louco. E adoro isso!
Eu já me machuquei. Já perdi todas as esperanças de que as pessoas que habitam esse mundo amem uma as outras, e já quis sumir. Já quis nunca ter conhecido alguém, mesmo sabendo que foi esse alguém o agente de váris mudanças em minha vida. Já quis que o mundo explodisse! Hoje, me acalmo nos braços do vento, certo da minha vulnerabilidade (mas sem saber da medida da mesma) e vou seguindo a vida. Agarro, pois, em um braço para poder me sentir forte.

Copos Humanos - parte I







Ser grande - por Aderson Sampaio

Aos dez anos eu guardava dinheiro para, depois da aula, comprar o pacote de figurinhas que faltava na minha coleção e ganhar os brindes heróicos da minha infância. Eu não sabia que a tal figurinha não existia. Chamam isso de capitalismo, eu chamava de inocência. Sorte minha não terem atropelado todos os meus sonhos. Escaparam uns para eu dar aos meus filhos.
Por isso hoje não poupo palavras que posso usar com toda essa gente grande que já teve álbum de figurinha e nega que já pregou chiclete, ou na carteira da escola ou no cabelo da irmã. Tem coisa de gente grande que dá vergonha, dá medo, dá tristeza, dá nojo, dá pena, etc... É aí que eu começo a crer que os macacos evoluíram do homem e que as crianças evoluem de uma gota azul que cai do céu e depois evapora. Não sou, digamos, um adulto por excelência que chora a distante era infantil da qual fez parte um dia. Sou a obra esculpida no relento que derrete ao dia e remodela à noite. Sou um palhaço desalegre que tenta encher balões em noite de festa e termina estourando todos com cílios pontiagudos. Sou só metáforas quando volto a ser homem, sou só estilhaços quando tento ser pedra na vidraça. Meus vizinhos são outros, a tv é a mesma, os irmãos também. Porém, acredito veementemente que as paralelas, um dia, se encontrarão.
Não quero ser a referência lúdica daquilo que é pra ser nostálgico, nem peço que os outros sejam. Porque com mais de um metro e meio de altura e dois algarismos na idade, é criança quem quer e quem sabe ser. Com uma esposa e um pouco de sorte eu terei filhos. Com alguns pirulitos, um pouco de magia e ingressos para o parque, eles serão felizes. Com alguns minutos a perder, você vai ler esse texto até o final e vai voltar ao que estava fazendo antes: coisas de gente grande.

quarta-feira, janeiro 04, 2006

Taíba, dezembro de 2005

Abro mão... - Por Katia Maia

Tem coisas na vida que a gente não precisa passar por elas. São frustrações e decepções desnecessárias. O nosso telefone não precisa tocar para dizer que alguém vai nos ligar e nos oferecer a vaga tão esperada, ou o emprego tão desejado, se isso não for mesmo acontecer. É sentimento desperdiçado. Ou o nosso telefone toca já com a proposta, ou não precisa tocar. É melhor que me deixem aqui, no meu canto, quieta e com a minha realidade já corrida e sem tempo. Pelo menos, na minha falta de momentos livres, penso menos no que poderia ser e nunca veio a ser realmente.
Sei que o ser humano é motivado por essa esperança de mudança. Pela ansiedade de dias melhores e pela crença em realidades mutantes. Mas, olha, não dá para ficar assistindo o mesmo filme sempre. Não é possível que tenhamos que ver o mesmo enredo seguidamente com os mesmo personagens que até trocam de papel mas fatura o mesmo sucesso. Sempre!!! Talvez, de novo, eu tenha feito minha requisição, lá em cima, errada e tenha pedido algo coadjuvante. Não! Cansei! Quero mudar. Cansei de ser da turma da senzala. Sim, porque a senzala era quem carregava o piano para a turma da casa de engenho tocar. Por favor, esqueçam meu nome, meu telefone, meu endereço para me trazer somente mais uma esperança frustrável. Eu abro mão de esperar, de sonhar e de acreditar se, lá na frente, vou encontrar-me mesmo com mais uma decepção. Talvez, como disse Cazuza, eu queira mesmo a sorte de uma vida tranqüila, sem emoções, mas tranqüila. Com a certeza do meu salário no fim do mês, sem a expectativa da mega-sena acumulada, sem a esperança de prêmio nenhum, nem reconhecimento, nem promoção. Não vou contar com nada. Casei de contar com tudo e, contudo, me decepcionar sempre.
Prefiro mesmo ficar por aqui, quietinha, com meus filhos, contando as travessuras deles e aprendendo o que eles tem para me ensinar porque do ser humano, me enchi. Prefiro aprender com que está aprendendo e assim não me surpreender mas com quem já sabe. Aliás, ingênua fui em pensar que há pessoas que prezam o sentimento alheio. São poucos, muito poucos mesmo. É um tal de 'minha agenda está cheia', 'já tinha programado de outra forma', me desculpe, mas não posso atende-la', 'olha, passa mais tarde', 'queridinha uma pena, mas não dá' etc etc etc. Estou declarando para o mundo: "queridinho, não dá. Estou indo cuidar da minha vida e não me procurem para pedir favor. Fechei para balanço'!
Fui.

A tira mais triste de todos os tempos!!

Such Great Hights - The Postal Service

I am thinking it's a sign
That the freckles in our eyes are mirror images
And when we kiss they're perfectly aligned
And i have to speculate
That god himself did make
Us into corresponding shapes
Like puzzle pieces from the clay

And true, it may seem like a stretch
But its thoughts like this that catch
My troubled head when you're away
When i am missing you to death
When you are out there on the road
For several weeks of shows
And when you scan the radio
I hope this song will guide you home

They will see us waving from such great heights,
"come down now", they'll say
But everything looks perfect from far away,
"come down now", but we'll stay...

I tried my best to leave
This all on your machine
But the persistent beat it sounded thin
Upon listening
And that frankly will not fly
You will hear the shrillest highs
And lowest lows with the windows down
When this is guiding you home

They will see us waving from such great
Heights,
"come down now", they'll say
But everything looks perfect from far away
"come down now", but we'll stay...

dica: Night Veras

Jogo: Xiao Xiao Fight Man

(clique no título e prepare-se para lutar. Aumente o número de vidas para 10 na barrinha Protagonist's Life. Para continuar, aperte a tecla Play. Para mover o personagem, use as teclas de direção. Para dar socos, use a tecla Z. Para pular, use a tecla X. Para o golpe especial, perde energia, use a tecla C.)

O Homem de Gelo - por Silvia Curiati

Mãos frias, coração quente.
Este era Ice, desde pequeno. Sua mãe sofreu durante a gravidez. Tinha calafrios que ninguém entendia, nem todas as mantas e edredons do mundo conseguiam amenizar. No dia em que nasceu, o quarto do hospital transformou-se em um iglu, e nem médicos nem enfermeiras conseguiam segurá-lo por muito tempo ou queimariam suas mãos, tamanho era o frio que aquele menino transmitia.
Apesar de tudo nasceu bem. Seu coração era mais forte e maior que o normal, o que o mantinha devidamente aquecido. Quase podíamos ver a bola de fogo, através da pele semi-transparente de seu peito.
Por uma obra do acaso nascera nos anos 80s, o que desviava um pouco a atenção das pessoas já que outros tipos estranhos, muito mais estranhos, viviam naquela época. Podia exercitar suas habilidades quase sempre - era sua distração, já que não conseguiu manter-se em uma escola (as professoras e alunos reclamavam do frio que provocava, de ficarem resfriados e tal).
Um de seus dotes mais simples, e imediatamente descoberto pela cozinheira da casa, era o poder que Ice tinha de congelar e descongelar alimentos e de fabricar cubos de gelo com sua lágrima. Portanto a cozinha era um de seus cômodos preferidos na casa: sentia-se útil.
Descobriu que ao pousar sua mão sobre o hematoma de alguém, o fazia desaparecer em menos de um minuto. O mesmo poder de cura aplicava-se a cólicas: tocava seu coração por dois minutos e em seguida colocava a mesma mão sobre o ventre da pessoa. Era fato, as dores sumiam.
Tinha uma aparência esquisita, azulada, meio transparente. Mas seu enorme coração fervia e por isso Ice apegava-se muito fácil a todos. Considerava qualquer um seu amigo. Sempre cabia alguém novo em seu coração, a quem Ice daria toda a atenção do mundo durante o tempo que fosse preciso.
Sofreu muitas decepções, por sua ingenuidade. Percebeu que o mundo era mais como sua carcaça. Viu que sem um trabalho não conseguiria sustentar-se e ao mesmo tempo sabia que não era bem quisto na maioria dos lugares públicos.
Numa tarde de ócio sentou-se em frente à TV, passava X-Men. Encantado com o que via, Ice descobriu ser um mutante. Escreveu uma longa carta a seus pais, arrumou as malas e partiu em busca de seus semelhantes.
Pagou, mais uma vez, o preço de sua falta de experiência com a vida ao descobrir que os X-Men não existem fora das telas, e acabou exilando-se no topo do Himalaia. Costuma ir, entre maio e agosto, de férias a São Paulo, Brasil, onde visivelmente contribui com a oscilação de temperatura. Ouvi dizer que derreteu-se todo por uma brasileira, e que logo logo corre o risco de tornar-se um homem normal, se o seu grande coração de fogo amornar um pouquinho.

terça-feira, janeiro 03, 2006

E assim se brinca...

Ateísmo - O fabricante de brinquedos não existe.
Capitalismo - Quem morrer com mais brinquedos, ganha.
Hare Krishna - Quem brincar com mais brinquedos, ganha.
Judaísmo - Quem comprar brinquedos pelo menor preço, ganha.
Catolicismo - Quem não se permitir mais brinquedos, ganha.
Anglicanismo - Os brinquedos eram nosso primeiro.
Ortodoxia Grega - Não, eram nossos.
Davidianismo - Quem morrer brincado com os maiores brinquedos ganha.
Politeísmo - Há muitos fabricantes de brinquedos.
Evolucionismo - Os brinquedos se criaram sozinhos.
Cientologia - Nós somos os brinquedos.
Comunismo - Todo mundo ganha o mesmo número de brinquedos, e você vai direto para o oposto do céu se a gente te pegar vendendo os nossos.
Baha'í - Todos os brinquedos são igualmente bons para nós.
Amish - Brinquedos a pilha são pecado.
Taoísmo - A boneca é tão importante quanto o caminhão de lixo.
Mormonismo - Os meninos podem ter tantos brinquedos quanto quiserem.
Vudu - Me empresta essa boneca um minutinho?
Hedonismo - Deixe as regras pra lá. Vamos brincar!
Adventismo do Sétimo Dia - Quem brinca aos sábados, perde.
Igreja de Cristo - quem tiver um brinquedo que toda música perde.
Batistas - quem brincou uma vez brincou para sempre.
Testemunhas de Jeová - quem vender mais brinquedos de porta a porta vence.
Pentecostalismo - Quem tiver um brinquedo que fala ganha.
Existencialismo - Brinquedos são ilusões.
Confucianismo - Uma vez que se ponha o brinquedo na água, ele já não está mais seco.
Não-denominacionalismo - Não interessa de onde vieram os brinquedos, vamos brincar.
Amway - Venda brinquedos para todos os seus amigos.
Fundamentalismo Islâmico - Vamos quebrar todos os brinquedos.
Santo Daime - Esse brinquedo dá barato?
Evangelismo Cristão - Entregue 10% de todos os seus brinquedos.
Misticismo - O brinquedo é um novo paradigma holístico.
Astrologia - Eu sei o que vai acontecer com o seu brinquedo.

A arte de Théodore Géricault

Géricault mudou-se para Paris com o pai, um conhecido jurista, depois da morte da mãe, e aos 10 anos ingressou no Liceu Imperial. Terminados os estudos, teve aulas com o pintor Vernet e anos mais tarde já trabalhava no ateliê de Guérin, junto com Delacroix. Em seus primeiros quadros, Géricault demonstrou uma grande admiração por David e pelos cânones estéticos neoclássicos. Dedicou-se a copiar Rubens, Velázquez e Caravaggio. Seu primeiro quadro importante foi Oficial de Caçadores a Cavalo Durante a Carga, com o qual ganhou a medalha de ouro da Academia em 1812. Esta obra reflete a influência de Gros e o cromatismo impactante e vigoroso que se observa em Rubens. Sabe-se que sua obsessão chegou alevá-lo a falar com os sobreviventes nos hospitais e inclusive a fazer esboços dos mortos no necrotério. A doença, a loucura e o desespero passaram então a ser uma constante em seus quadros. O efeito do claro-escuro, que o pintor tanto admirava em Caravaggio, inspiraram-no a criar ambientes patéticos e de intenso sofrimento. Anos depois, em Londres, Géricault retomou sua paixão pelos cavalos, pintando o O Derby de Epson, que de certa forma antecipou sua preocupação em captar o movimento. Também fez quadros de doentes mentais num hospital. Após uma tentativa de suicídio, o pintor voltou a Paris, onde poucos meses depois, vítima de um acidente, acabou morrendo.

Ela flutua, ela hesita: em suma, ela é mulher

"Mulher: a mais nua das carnes vivas e aquela cujo brilho é o mais suave" - Antoine de Saint-Exupéry

Que venha 2006...

O Tempo Não Pára - Cazuza

"Disparo contra o sol
Sou forte, sou por acaso
Minha metralhadora cheia de mágoas
Eu sou um cara
Cansado de correr
Na direção contrária
Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Eu sou mais um cara

Mas se você achar
Que eu tô derrotado
Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo, o tempo não pára

Dias sim, dias não
Eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da caridade de quem me detesta

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára

Eu não tenho data pra comemorar
Às vezes os meus dias são de par em par
Procurando uma agulha num palheiro

Nas noites de frio é melhor nem nascer
Nas de calor, se escolhe: é matar ou morrer
E assim nos tornamos brasileiros
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro
Pois assim se ganha mais dinheiro

A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas idéias não correspondem aos fatos
O tempo não pára

Eu vejo o futuro repetir o passado
Eu vejo um museu de grandes novidades
O tempo não pára
Não pára, não, não pára"

Vida Besta

fonte: www.fabricadequadrinhos.com.br