quarta-feira, novembro 30, 2005

Animação: Little Foot


(clique no título , depois em WATCH THIS MOVIE, e assista a animação sobre um certo Pé-grande)

Estar com você - Doca 6

Estar com você, é não querer saber o que há la fora
É te esperar, e cada minuto parecer uma hora
E passar o dia inteiro, só olhando pro telefone
Esperando que você ligue e diga o meu nome

É tentar esquecer a briga da noite passada
E não conseguir dormir
É lembrar de você assim do nada
E não conseguir parar de rir

Não tem nada melhor do que quando você
Me liga assim de repente, só pra falar da gente
E diz pra mim que está tudo bem
E que eu sou alguém que te faz feliz

Estar com você é deixar todo o meu orgulho de lado
E saber admitir toda vez que eu estou errado
É não querer desligar mesmo sem ter nada pra te dizer
É não agüentar mais pra cantar essa música que eu fiz pra você

É tentar esquecer a briga da noite passada
E não conseguir dormir
É lembrar de você assim do nada
E não conseguir parar de rir

Não tem nada melhor do que quando você
Me liga assim de repente, só pra falar da gente
E diz pra mim que está tudo bem
E que eu sou alguém que te faz feliz

Creep - Radiohead (acústico)

When you were here before - Quando você estava aqui antes
Couldn't look you in the eye - Eu não podia nem te olhar nos olhos
You're just like an angel - Você é como um anjo
Your skin makes me cry - Sua pele me faz chorar
You float like a feather - Você flutua como uma pena
In a beautiful world - Em um mundo bonito
I wish I was special.- Eu só queria ter sido especial
You're so fuckin' special - Você é tão especial

[ But I'm a creep, I'm a weirdo - Mas eu sou um verme, sou um esquisitão
What the hell am I doin' here? - Que inferno estou fazendo aqui?
I don't belong here ] - Eu não pertenço a este lugar

I don't care if it hurts - Eu não ligo se isso machuca
I wanna have control - Eu quero tomar o controle
I want a perfect body - Eu quero um corpo perfeito
I want a perfect soul - Eu quero uma alma perfeita
I want you to notice - Eu quero que você perceba
When I'm not around - Quando eu não estou por perto
You're so fuckin' special - Você é tão especial
I wish I was special.- Eu só queria ter sido especial

[ repeat ]
Uh-uh Uh-uh
She's running out again - Ela está fugindo de novo
She's running out - Ela está fugindo
She'll run run run run run - Ela vai fugir

Whatever makes you happy - O que quer que te faça feliz
Whatever you want - Queira o que quiser
You're so fuckin' special - Você é tão especial
I wish I was special - eu só queria ter sido especial
[ repeat ]
I don't belong here - eu não pertenço a este lugar

(clique no título e assista a animação em flash dessa música)

Musical: "I'm a Cow"


(clique no título e assista a animação em flash sobre a vida de uma vaca... e seus desejos)

A de sempre - Carlos Drummond de Andrade

— Até beber cerveja ficou difícil — queixa-se.
— O preço?
— Não. A variedade. O embaras du choix.
— Mas se você já estava acostumado com uma...
— E as novas que aparecem? Em cada Estado surge uma fábrica, se não surgem duas. Cada qual oferecendo diversas qualidades. Você senta no bar de sua eleição, um velho bar onde até as cadeiras conhecem o seu corpo, a sua maneira de sentar e de beber. Pede uma cervejinha, simplesmente. Não precisa dizer o nome. Aquela que há anos o garçom lhe traz sem necessidade de perguntar, pois há anos você optou por uma das duas marcas tradicionais, e daí não sai. Bem, você pede a cervejinha inominada, e o garçom não se mexe. Fica olhando pra sua cara, à espera de definição. Você olha para cara dele, como quem diz: Quê que há, rapaz? Então ele emite um som: Qual? Você pensa que não ouviu direito, franze a testa, num esforço de captação: qual o quê? Qual a marca, doutor? Temos essa, aquela, aquela outra, mais outra, e outra, e outras mais. . Desfia o rosário, e você de boca aberta: Como? Ele está pensando que eu vou beber elas todas? Acha que sou principiante em busca de aventura? Quer me gozar? Nada disso. O garçom explica, meio encabulado, que a casa dispõe de 12 marcas de cerveja nacional, fora as estrangeiras, sofisticadas, e ele tem ordem de cantar os nomes pra freguesia. Até pra mim, Leovigil? pergunto. Bem, o patrão disse que eu tenho de oferecer as marcas pra todo mundo, as novas cervejas têm de ser promovidas. Não mandou abrir exceção pra ninguém, eu é que, em atenção ao doutor, fiquei calado, esperando a dica... Não quis forçar a barra, desculpe.
— E aí?
— Aí eu disse que não havia o que desculpar, ordens são ordens e eu não sou de infringir regulamentos. Os regulamentos é que infringem a minha paz, freqüentemente. Mas para não dar o braço a torcer, nem me declarar vencido pela competição das cervejas, concluí: Leovigil, traga a de sempre.
— Não quis dizer o nome?
— Não. Minha marca de cerveja — "minha garrafa", digamos assim, pois a individualidade começa pela garrafa — passou a chamar-se "a de sempre". Não gosto de mudar as estruturas sem justa causa, nem me interessa dançar de provador de cerveja, entende?
— Mas que custa experimentar, homem de Deus?
— Só por experimentar, acho frívolo. Os moços, sim, não encontraram ainda sua definição, em matéria de cerveja e de entendimento do mundo. Saltam de uma para outra fruição, tomam pileques de ideologias coloridas, do vermelho ao negro, passando pelo róseo, pelo alaranjado e pelo furta-cor. Mas depois de certa idade, e de certa experiência de bebedor, você já sabe o que quer, ou antes, o que não quer. Principalmente o que não quer. E é isso que os outros querem que você queira. Tá compreendendo?
— Mais ou menos.
— Na verdade, não há muitas espécies de cerveja, no mundo das idéias. Mas os rótulos perturbam. Uns aparecem com mulher nua, insinuando que o gosto é mais capitoso. Bem, até agora não vi rótulo de cerveja mostrando mulher com tudo de fora, mas deve haver. Mulher se oferecendo está em tudo que é produto industrial, por que não estaria nos sistemas de organização social, como bonificação?
— Você está divagando.
— Estou. Divagar é uma forma de transformar pensamentos em nuvem ou em fumaça de cigarro, fazendo com que eles circulem por aí.
— Ou se percam.
— E se percam. Exatamente. 0 importante não é beber cerveja, é ter a ilusão de que nossa cerveja é a única que presta.
Sujeito mais conservador! Ou sábio, quem sabe?

Você recebe panfletos na rua? Aprenda a fazer aviõesinhos

(clique na foto para ampliá-la. Dica:10)

Sapato Novo - Los Hermanos

Bem, como vai você?
Levo assim calado de lá
tudo que sonhei um dia
como se a alegria
recolhesse a mão
pra não me alcançar

Poderia até pensar
que foi tudo sonho
ponho meu sapato novo
e vou passear
sozinho como der
eu vou até a beira
besteira qualquer
nem choro mais
só levo a saudade morena
é tudo que vale a pena

Na vida, procure superar seus piores pesadelos




Urubus e sabiás - Rubem Alves

Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...
— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.
E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá.

Nem sempre o melhor é remar contra a correnteza

A maldição dos clichês

O que seria do cinema sem os filmes de terror? Esse gênero encanta milhares de espectadores e os leva ao delírio com suas cenas eletrizantes. Porém, como já dizia a célebre frase “na natureza nada se cria...”, com o cinema não poderia ser diferente. Diante de tantos roteiros de filmes de terror, essas historinhas bizarras não poderiam escapar da velha maldição dos clichês.
Não raramente os cineastas chegados a esse gênero lançam mão de velhos artifícios em suas tramas. Assim, já podemos identificar um clássico filme de terror pelos “toques” especiais presentes em todos eles. Em homenagem aos fãs do gênero, eis uma lista com os “top 5” clichês clássicos do terror.

* A FUGA E O TROPEÇO

O vilão (leia-se criatura bizarra, monstro ou serial killer) persegue a vítima freneticamente. O que acontece com a pobre presa que corre aterrorizada a fim de salvar sua vida? Tropeça! Não importa o quão habilidoso é o mocinho, ele sempre vai cair quando perseguido pelo vilão.

* A MÁSCARA

Quem não se lembra da clássica máscara do assassino da série “Pânico” ou do mestre do massacre, Jason em “Sexta-feira 13” ? O fato é que, para um bom vilão de filme de terror, esse é um acessório indispensável!

* A INSEPARÁVEL ARMA

Serra elétrica, faca, foice, bastão, unhas de ferro, não importa a natureza do instrumento, vilão que é vilão tem que ter sua arma particular. Essa é uma ferramenta que dá um toque extra ao visual do elemento além, é claro, de servir para matar/torturar/aterrorizar suas vítimas.

* A QUASE IMORTALIDADE DO ASSASSINO

Ele pode ser atropelado, fuzilado, espancado ou qualquer coisa do gênero, mas não morre até o final do filme. Os mais bem sucedidos, inclusive, chegam até a morrer e ressuscitar numa possível seqüência do filme. Filme de terror, para fazer jus ao gênero, tem que ter assassino semi-imortal.

* MOCINHO ENTRANDO ONDE NÃO DEVE

A situação pode ser a mais sinistra possível, mas o herói sempre dá um jeito de complicar. Não pode ver uma casa mal assombrada ou um porão duvidoso que já vai logo entrando sem nem cogitar a possibilidade do assassino estar de prontidão. Esse é, sem dúvida, o clichê mais clássico dos filmes de terror.

Enfim, eles podem até ser criticados e crucificados, mas filme de terror sem clichês não é filme de terror!
(clique no título e leia do original publicado no DIÁRIO DO NORDESTE)

terça-feira, novembro 29, 2005

Escolher é abdicar


"É possível repousar sobre qualquer dor de qualquer desventura, menos sobre o arrependimento. No arrependimento não há descanso nem paz, e por isso é a maior ou a mais amarga de todas as desgraças" - Leopardi

Primeiro Andar - Los Hermanos

Já vou, será
eu quero ver
o mundo eu sei
não é esse lá
por onde andar
eu começo por onde a estrada vai
e nao culpo a cidade, o pai
vou lá, andar
e o que eu vou ver
eu sei lá
não faz disso esse drama essa dor
é que a sorte é preciso tirar pra ter
perigo é eu me esconder em você
e quando eu vou voltar, quem vai saber
se alguem numa curva me convidar
eu vou lá
que andar é reconhecer
olhar
eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu não sei quem sou
Eu escrevo e te conto o que eu vi
e me mostro de lá pra você
guarde um sonho bom pra mim
eu preciso andar
um caminho só
vou buscar alguém
que eu não sei quem sou

Loucura: tentar tirar da cabeça o que está no coração


"Sem você sou pá furada..."

Amor para sempre? Nem sempre - Sílvia Curiati

Você sabe o quanto vale para alguém de acordo com a atenção ou o desprezo que este alguém tem por seus sentimentos. O que faz uma pessoa amar e desamar sem ter sequer provado do tal amor? Parece insano, mas existe. Eu diria que é fácil. É só transformar o primeiro amor em mentira, em brincadeira de criança. Daí o resto vira conseqüência natural e previsível. Mas não. Diz-se que era verdade, que não se brinca com este tipo de coisa. Foi muito denso, profundo e ao mesmo tempo muito volátil, pairando no céu, tocando estrelas, velejando com o vento, sonhando acordado, dormindo de manhã para passar a noite amando. De repente o que era tudo virou nada. O que era gostoso de falar, transformou-se em proibido, defeito que deve ser evitado a qualquer preço.Te quis, mas não te quero. Não posso te ver, não devo te ouvir, não quero saber da sua vida, esta que um dia me interessou. Te dei minha mão, mas a tomo de volta. Fui bonito ao teu lado, mas já sei quem sou e de você não preciso mais nada. Mesmo que não amasse a quem amo, não estaríamos juntos. Entende? E por que raios esta possibilidade foi cogitada em voz alta? Como é isso de adorar alguém, ter tanto carinho, e de repente fechar os olhos para que não encontrem os outros olhos?Fazia frio na cama, naquela última noite dos olhos fechados em pleno verão. O mesmo frio que fez nas outras vezes, apressadas. Pronto, tenho que ir embora que já está tarde. Havia interesse sim, muito. Unilateral. Ela se aproximava e ele, esquivando-se, veio dizer mais tarde que eles estavam distantes apesar de dividirem o mesmo lado da cama. Ela estava perto, ele não queria. Cada palavra que ele dizia acariciava sua pele nua, sem que nenhuma delas tivesse a intenção de tocá-la outra vez, não por ele. Ela o amou com todo o seu coração, e desde o dia em que descobriu que aquilo estava acontecendo lhe pediu por favor, não brinque com meus sentimentos. Você confia em mim? E ela segurou a sua mão, confiou cegamente com todo o seu corpo em alguém que pensava conhecer. Mas foi o desconhecido que a deixou. O desconhecido com suas lógicas inexplicáveis, com suas explicações ilógicas, sem dizer coisas normais e boas que seriam não gosto de você, não te acho interessante, não tenho vontade de te abraçar, você é pouco, não serve. Ao contrário, disse coisas ruins, ferinas, ainda sem justificar. Ele soube porque um dia a quis, e não pôde esclarecer mais nada que veio depois. Se ela continuava a mesma, o que haveria mudado? Saiu e apagou a luz. Tenho medo do escuro, ela lhe disse uma vez, ao que ele lhe pergunta até comigo? Não, claro que não, sorriu. Mas agora ela estava sozinha. No breu de um sonho que eles criaram a quatro mãos e ela só teria duas para desmontar. Demora mais, é muito dolorido, porque cada pedaço que ela arranca conta uma boa história, daquelas que fazem adormecer as crianças. E ela precisa deste sono, precisa ser embalada em um conto-de-fadas. Histórias reais são boas, mas não têm príncipe encantado falando no ouvido, cantando canções de ninar. Só que ele se foi para jamais voltar, assim ela entendeu. Ela quis acreditar que estariam juntos um dia, quem sabe, mas já não crê em nada. Em ninguém. No fundo acha que ele esqueceu de devolver seu coração quando se foi. Levou consigo a capacidade que ela tinha de amar outro príncipe menos encantado de um reino mais próximo, algum que já a ame. Está procurando tudo o que perdeu, e como é difícil encontrar!Na verdade, ela anda buscando a Deus naquele sonho, naquele quarto, naquele amor. Mas ainda está muito escuro.

Paquetá - Los Hermanos

Ah, seu eu aguento ouvir
outro não, quem sabe um talvez
ou um sim
eu mereço enfim
é que eu já sei de cor
qual o quê dos quais
e poréns, dos afins, pense bem
ou não pense assim
eu zanguei numa cisma eu sei
tanta birra é pirraça e só
que essa teima era eu não vi
e hesitei, fiz o pior
do amor amuleto que eu fiz
deixei por aí
descuidei dele quase larguei
quis deixar cair

(tst tst)

Mas não deixei
peguei no ar
e hoje eu sei
sem você sou pá furada
Ai! Não me deixe aqui
o sereno dói
eu sei, me perdi
mas eu só me acho em ti
Que desfeita, intriga, o ó
Um capricho essa rixa e mal
Do imbrólio que qui-pro-có
e disso bem fez-se esse nó
e desse engodo eu vi luzir
de longe o teu farol
minha ilha perdida aí
o meu pôr do sol

Jogo: Monster Pool Side Sumor


(clique no título e prepare-se para luta. Escolha o seu personagem. Cada um possui características diferentes para o jogo. Agora é só tentar empurrar seu adversário para fora da área demarcada, utilizando as setas do teclado.)

Um grito de dor, amor e solidão - Silvia Curiati

Mandei-o embora de minha vida com um grito proporcional ao amor que eu sentia, sufocado, crescente, dolorido, agudo. Um grito clamando ser abafado por um beijo de "cale a boca", por um berro grave de "não é isso", um tapa na cara de "eu te quero". Como ele nunca veio, gritei de raiva. Ódio de toda a sua apatia, por dizer "eu te amo" e ouvir quase um "sinto muito" em retorno. Como se eu fosse miojo com ovos mexidos num jantar onde ele nem fome tinha. O grito saiu atrasado, muitos meses mais tarde do que deveria. Parecia noiva escolhendo o vestido, as flores, a música, os padrinhos, para somente longos e arrastados dias depois conseguir entrar na igreja. Uma preparação cansativa mas esperançosa, da qual ele não participou por não esperar nada, não acreditar em nada e acima de tudo não me entender.Fiquei sozinha dentro de uma ilusão, achando que as palavras de um dia teriam mais validade. Levei a sério palavras sem importância e tornei-me infeliz. A linguagem é uma fonte de mal-entendidos... O Pequeno Príncipe. E daí a gente também corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar. É ruim amar... Atirei seus livros e discos longe para provocar alguma reação. Não os dele, mas os que ele havia me dado. Sei lá, mesmo com dor não consigo machucá-lo. Quero e não posso. Ele não se machucaria mesmo. Só nos machucamos quando o carrasco é alguém querido demais.O grito me deixou rouca com as mãos na face e cara de espanto. Havia cruzado a ponte para chegar mais perto e fui surpreendida pelo óbvio que eu me negava ver. Acreditei demais na minha intuição, por isso grito. Fora de minha vida, vá viver a sua! Não conquiste mais ninguém, porque você tem espinhos, precisa ser carregado por mãos mais brutas e menos carinhosas para sentir-se bem. Eu sou é maluca - já me disseram. Por que quis me cativar aquele dia?Mas a intuição vem de novo e por ela eu gritei sozinha. Ele não ouviu. Mas vai obedecer à ordem de minha voz triste assim mesmo, porque é sua vontade. E isso só me faz querer gritar mais para que ele não ouça, infinitas vezes. Aquele grito que ainda abriga o sussurro de "venha me calar, por favor". Antes que seja tarde e toda palavra adormeça.

Ghost in the Shell

segunda-feira, novembro 28, 2005

Tristeza Não Tem Fim - Louise Gracielle

Estava exausta naquela manhã. O dia anterior havia sido perfeito, mas aquele começara mal. Sentia como se o azar lhe jogasse tchauzinhos do outro lado da rua.
Atirou-se debaixo d'água: chuveiro. Uma tia lhe dissera, certa vez, que a cura para o mau humor era um bom banho de água fria. Esperou que as crendices de uma senhora vivida funcionassem naquele momento e idealizou a abundância límpida escorrendo pelos seus cabelos, os pensamentos ruins sendo carregados até que, nas pontas de suas madeixas, caíssem ao chão e por lá ficassem.
Imaginou-se numa cachoeira... Era tão bom sentir aquela água batendo em seu rosto, arrancando a máscara da tristeza, que pouquíssimas vezes usava. Tentava estar sempre sorridente - mesmo que interiormente. Acreditava que a felicidade não fosse sinônima de alienação, mas sim de contato pleno com o mundo, de satisfação com seu eu mais íntimo.
Mas aquela onda de azar a deixava incapaz de sorrir consigo mesma.
E subitamente percebeu que seu rosto era agora banhado por suas lágrimas. Indagando os motivos daquele pranto inesperado, descobriu que não estava plena consigo mesma, que muitas coisas não estavam em seus devidos lugares. E que a "onda de azar" fora uma desculpa fajuta para os erros que vinha cometendo - inúmeros.
Analisou as circunstâncias em que a vida se encontrava. Pelas veredas dos amigos caminhou por uns instantes... Encontrou o motivo de sua lamentação repentina. Descobriu que estava agindo errado com tudo e com todos: deixava que quarteirões representassem uma distância inacreditável entre ela e seus amigos. Deixava que as aulas, às quais não mais freqüentava, carregassem consigo as preciosidades da sua vida. Viu-se valorizando as pessoas que nunca se importaram realmente com ela, que se aproximaram na alegria e quando estava triste, a repeliram da roda como um inseto indesejável.
Lembrou-se das vezes que discutiu com alguém. Permanecia amando todos os que a haviam magoado; porém, mantinha dentro de si um quê de rancor. E assim viu que perdeu muitas boas amizades por um orgulho insensato, por uma infantilidade de não perguntar o que estava acontecendo, de não pedir perdão e tentar a reconciliação.
Quantas vezes alguém tentara dissuadi-la de uma amizade querida! Talvez não a tivessem diretamente desviado de alguém; entretanto, na doçura de inúmeros momentos com alguns companheiros, estes tomaram sua completa atenção e alguns do grupinho ficaram esquecidos... Sentiu vergonha por constatar o tamanho desdém com que tratara esses 'alguns do grupinho'. Tivera-os sempre tão próximos e fora incapaz de cultivar os relacionamentos bons!
Envolvera-se em sentimentos mais profundos, como a paixão adolescente, mas sua contradição clássica de pensamentos, seu pessimismo indesejável e seus infortúnios determinaram o afastamento de ambas as partes. O remorso a tomava, ao mesmo tempo em que tentava justificar sua falta de atitude...
(...)
Saiu do banho com os olhos inchados. Nada que uma maquiagem bem feita não pudesse disfarçar. (Disfarçar, mais uma vez, sua dor, sua insegurança e tudo o que realmente era por dentro.).

Amigos - Oscar Wilde

Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e agüentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero-os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela cara lavada e pela alma exposta.
Não quero só o ombro ou o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade bobeira, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice.
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou. Pois os vendo loucos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que normalidade é uma ilusão imbecil e estéril.

Dois Barcos - Los Hermanos

Quem bater primeira dobra do mar
Dá de lá bandeira qualquer
Aponta pra fé e rema

É, pode ser que a maré não virir
Pode ser do vento vir contra o cais
E se já não sinto teus sinais
Pode ser da vida acostumar

Será, Morena
Sobre estar só, eu sei

nos mares por onde andei
devagar dedicou-se, mas
o acaso a se esconder
E agora o amanhã, cadê?

Doce o mar, perdeu no meu cantar

Só eu sei
nos mares por onde andei
devagar dedicou-se, mas
o acaso a se esconder
E agora o amanhã,
cadê?

sexta-feira, novembro 25, 2005

Porque as imagens falam por si...






Jogo: Amoeba


(clique no título e seja uma ameba. Use as teclas de direção para mover. O objetivo é se alimentar com as bolinhas amarelas sem encostar nas verdes.)

Nuvens sem Guia - Geraldo Azevedo

Amor
São nuvens sem guia
Navegando sem cruzeiro
Eu bem que disse meu bem
Ele não tem garantia
Hoje quer depois não quer
Diz que nao depois vicia
Faz chorar e dá prazer
Diz eterno e dura um dia
Se laçar seu coração
Faz sangrar a montaria
Sete noites sete estrelas
Ele pucha pelos cabelos
Desarruma o desmantelo
Deixando a cama vazia

Chegou o Verão! - Luís Fernando Veríssimo

E com ele também chegam os pedágios, os congestionamentos na estrada, os bichos geográficos no pé e a empregada cobrando hora-extra. Verão também é sinônimo de pouca roupa e muito chifre, pouca cintura e muita gordura, pouco trabalho e muita micose. Verão é picolé de Ki-suco no palito reciclado, é milho cozido na água da torneira, é coco verde aberto pra comer a gosminha branca. Verão é prisão de ventre de uma semana e pé inchado que não entra no tênis. Mas o principal, o ponto alto do verão é... a praia!Ah, como é bela a praia! Os cachorros fazem cocô e as crianças pegam pra fazer coleção. Os casais jogam frescobol e acertam a bolinha na cabeça das véias. Os jovens de jet ski atropelam os surfistas, que por sua vez, miram a prancha pra abrir a cabeça dos banhistas. O verão é Brasil, selva, é carnaval, é tribo de índio canibal. Todo mundo nu de pele vermelha. As mulheres de tanga, os homens de calção tão justo que dá até pra ver o veneno da flecha, e todo mundo se comendo cru. O melhor programa pra quem vai à praia é chegar bem cedo, antes do sorveteiro, quando o sol ainda está fraco e as famílias estão chegando. Muito bonito ver aquelas pessoas carregando vinte cadeiras, três geladeiras de isopor, cinco guarda-sóis, raquete, frango, farofa, toalha, bola, balde, chapéu e prancha, acreditando que estão de férias. Em menos de cinqüenta minutos, todos já estão instalados, besuntados e prontos pra enterrar a avó na areia. E as crianças? Ah, que gracinha! Os bebês chorando de desidratação, as crianças pequenas se socando por uma conchinha do mar, os adolescentes ouvindo walkman enquanto dormem. As mulheres também têm muita diversão na praia, como buscar o filho afogado caminhar vinte quilômetros pra encontrar o outro pé do chinelo. Já os homens ficam com as tarefas mais chatas, como perfurar um poço pra fincar o cabo do guarda-sol. Mais fácil achar petróleo do que conseguir fazer guarda-sol ficar em pé. Mas tudo isso não conta, diante da alegria, da felicidade, da maravilha que é entrar no mar!Aquela água tão cristalina, que dá pra ver os cardumes de latinha de cerveja no fundo. Aquela sensação de boiar na salmoura como um pepino em conserva. Depois de um belo banho de mar, com o rego cheio de sal e a periquita cheia de areia, vem aquela vontade de fritar na chapa. A gente abre esteira velha, com cheiro de velório de bode, bota o chapéu, os óculos escuros puxa um ronco ninha. Isso é paz, isso é amor, isso é o absurdo do calor. Mas, claro, tudo tem seu lado bom. E à noite o sol vai embora. Todo mundo volta pra casa tostado e vermelho como mortadela, toma banho e deixa o sabonete cheio de areia pro próximo. O xampu acaba e a gente acaba lavando a cabeça com qualquer coisa, desde o creme de barbear até desinfetante de privada. As toalha, com aquele cheirinho de mofo que só a casa de praia oferece. Aí, uma bela macarronada pra entupir o bucho e uma dormidinha na rede pra adquirir um bom torcicolo e ralar as costas queimadas. O dia termina com uma boa rodada de tranca e uma briga em família. Todo mundo vai dormir bêbado e emburrado, babando na fronha e torcendo, pra que na manhã seguinte, faça aquele sol e todo mundo possa se encontrar no mesmo inferno tropical...Coisa linda é o verão...

quinta-feira, novembro 24, 2005

Cubismo


























Fonte: www.worth1000.com

A arte de Peter Paul Rubens

Rubens é um dos grandes mestres da pintura barroca européia. Suas obras são a representação mais acabada da essência da arte do século XVII. Partindo do estudo dos mestres do cinquecento, o pintor flamengo conseguiu dar uma reviravolta definitiva na pintura, criando composições dinâmicas de uma intensa expressividade e de um evidente caráter hedonista, como demonstram seus voluptuosos nus. Sua vida tem sido uma das maiores preocupações dos historiadores da arte, porque não há documentação suficiente para se conhecer em detalhes sua biografia. O pai de Rubens era senador na cidade de Antuérpia, mas por problemas de ordem confessional precisou mudar-se com a família para a cidade de Colônia, na Alemanha. Após a morte do marido, a viúva e os três filhos voltaram para a cidade belga. Lá, Rubens começou a ter aulas de pintura com o mestre Van Noort, um conhecido adepto da arte romana, e mais tarde com Tobias Verhaecht e Otto van Veen. Em 1598, o jovem pintor foi aceito na guilda de São Lucas. Entre os anos de 1600 e 1608 morou em Mântua, contratado pela família Gonzaga. Começou assim uma etapa muito importante para o artista flamengo. Além de pintar, dedicou-se ao estudo dos mestres italianos que tanto admirava, principalmente Ticiano. Ao voltar foi nomeado representante diplomático e pintor oficial dos administradores do reino em Antuérpia. Em sua nova condição de funcionário do governo pôde construir uma grande casa com ateliê (projetado por ele mesmo). Pouco depois casou-se com aquela que seria sua primeira esposa, Isabella Brandt, filha de um conhecido humanista.São dessa época suas primeiras encomendas importantes: ilustrações dos novos missais (Missale Romanum) e os altares e cenas de caça para Maximiliano da Baviera (hoje na Pinacoteca de Munique). Para poder dar conta do volume de trabalho, Rubens precisou contratar vários colaboradores, entre eles o jovem Van Dyck e o paisagista Wildens. Ao mesmo tempo foram iniciados os vinte e cinco quadros do ciclo de Maria de Medici e os desenhos para os tapetes de Luís XIII. Por ocasião da morte da esposa em 1626, o ateliê passava por uma atividade febril. Da Espanha chegou um pedido para os tapetes do Convento das Descalças Reais de Madri, e da França, o pedido do ciclo de pinturas de Henrique IV. Enquanto isso, Rubens viajava freqüentemente para a Inglaterra e à Espanha, devido ao seu cargo de representante diplomático da corte. O pintor flamengo foi um dos responsáveis pelo tratado de paz entre esses países nos anos de 1629 e 1630.Quando voltou para Antuérpia, casou-se com a jovem Hélène Fourment, que a partir desse momento se transformaria em personagem principal de todas as suas obras.O grande mestre do barroco morreu quando faltava pouco para terminar seus quadros para o castelo Torre da Parada de Filipe IV. Nas obras de Rubens estão refletidos sua grande força criadora e seu sentido hedonista da vida. Suas composições são a sábia combinação da arte flamenga com a italiana. Nelas, a cor é tão importante quanto a modelagem naturalista dos corpos. No entanto, o pintor não busca uma beleza harmoniosa e tranqüila. Os parâmetros estéticos de Rubens são a opulência e o brilho, o volume como expressão máxima da sensualidade. Os temas, fossem eles religiosos, políticos ou alegóricos, eram tratados com o mesmo entusiasmo. Opinando sobre si mesmo, Rubens disse: "Meu talento é tão grande que, por mais difícil e impossível que um empreendimento possa parecer, ele jamais vai conseguir superar a confiança que tenho de que vou superá-lo".

quarta-feira, novembro 23, 2005

Droga de Parerga, TOCA RAMONES!!!

20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go, oh
i wanna be sedated

just get me to the airport, put me on a plane
hurry, hurry, hurry before i go insane
i can't control my fingers, i can't control my brain
oh no, oh no, oh no

20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go, oh
i wanna be sedated

just put me in a wheelchair, puy me on a plane
hurry hurry hurry before i go insane
i can't control my fingers, i can't control my brain
oh no oh no oh no

20-20-20-4 hours to go
i wanna be sedated
nothing to do, nowhere to go, oh
i wanna be sedated

just put me in a wheelchair, get me to the show
hurry hurry hurry before i cant let go
i can't control my fingers, i can't control my toes
oh no oh no oh no

ba-ba-baba, baba -ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated
ba-ba-baba, baba-ba-baba i wanna be sedated

terça-feira, novembro 22, 2005

Jogo: Extreme Farm Simulator


(clique no título e salve sua fazenda dos malditos aliens. Use o mouse pra mirar e atirar. O objetivo é derrubar todos os discos voadores para proteger suas vacas.)

“O verme se enconcha quando é chutado. Essa é sua astúcia. Ele diminui com isso a probabilidade de ser novamente chutado. Na língua da moral: humildade.” Nietzsche

Encontro com Valquíria - Por Gustavo Machado

Chuva e calor. Camisa colada nas costas. Mofando no Fiat alugado. Bilhete amassado na mão: rua, número, academia de ginástica. Ali mesmo. Só esperar. Limpador de pára-brisa no máximo. Nhec, nhec, nhec. Sob o único poste aceso na quadra, pingos grossos estouravam no asfalto branco. Nhec, nhec. Lá vai ele, eu pensei, quando vi o carro saindo pelo estacionamento. Quando se afastou um pouco, fui atrás das lanternas vermelhas.
Uma hora adiante, eu revistava um homem com antebraços espessos de caminhoneiro, sebento, azedo. Nos bolsos, nada. Em uma pequena sacola de lona, carteira, roupa esportiva rançosa, bugigangas de higiene e um estojo aveludado. Dentro, duas alianças muito, muito grossas de novo-rico. Peguei minhas ferramentas, sem pressa.
"Hei", ele disse, jovial, apertando ainda mais os olhinhos negros, num estágio mais avançado de nervosismo, "sabe quem eu sou?"
Eu sabia. Teobaldo, 57, branco, baixo, gordota, rico falido. Faz ginástica à noite.
"Tenho um jatinho, sabe? Grana e saída certa. Que tal?"
A chuva martelava o telhado de zinco. Difícil ouvir o que o homem dizia. Segui calado e ativo como mineiro, zanzando à luz do lampião, escolhendo o melhor lugar para um buraco. Pronto, encontrei. Ele percebeu. Percebeu e gelou. Foi eu mostrar a pá, desatou no choro. Cagaço dos outros não é problema meu. Comecei a cavar no chão batido do depósito de lenha da chácara desativada na Zona Sul. Terra dura, duríssima, era como se eu golpeasse uma pista de concreto. Desconfiei ter aberto o pulso. Cavar, cavar. Há colegas que fazem o condenado cavar. Eu, não. O sujeito já está sofrendo, todo fodido. Não precisa forçar a barra.
"Escuta, irmão. Eu arrumo quanto você quiser. Hein, hein?", fungando, quase aos gritos, não sei se pelo som do zinco metralhado ou pavor.
Não era diferente dos outros. No começo, pareciam mocinhas pedindo pra ir ao baile. Depois, quando a coisa engrossava, ficavam como os leitões que eu sangrava com o meu avô, na serra. Acendi um cigarro e continuei cavando em silêncio. De repente, o homem parou de chorar, reclamar, implorar, resmungar, incomodar. Isso também é de praxe. Se o encomendado não tem volta mesmo, quando sente o bafo na nuca, aí começa a pensar em coisas práticas que tem de resolver. Uma vez um cara me pediu pra pagar a prestação da casa. Fez um cheque. Eu paguei, claro. O buraco estava pronto. Arrastei o Teobaldo para dentro e fiz pontaria. Comigo é uma bala só. O sujeito fecha os olhos e acorda do outro lado. Nem sente nada.
"Espera, espera", e agora estava calmo.
Baixei a mira. Então ele falou numa Valquíria e, claro, no estojo das alianças.
"Tirei a menina da rua. Paguei dentista, ginástica, montei apartamento e arranjei até um empreguinho. Agora, deixei minha mulher. Custou, mas deixei. Hoje, vou jantar com Valquíria e depois pedi-la em casamento. Leva a caixinha pra Val, leva?", mirando o estojo, que eu deixara aberto, bem à vista.
Falei que ia pensar e fiz pontaria de novo. Não prometo nada pra morto porque dá azar, quando a gente não consegue cumprir. Engatilhei. Ele se encolheu todo, cachorro dormindo na rua em noite de inverno. Cerrou os olhos, rilhando os dentes.
"Pensa num lugar bonito", eu disse, e rezei uma prece à Nossa Senhora da Boa Morte.

Fotos de filmes

Lucy Liu em Kill Bill Vol.I

Memórias de uma Geisha, dezembro de 2006




Nicole Kidman, a cortesã Satine de "Moulin Rouge"

(clique no título e entre na página da UOL onde você poderá ver várias fotos de vários filmes)

Charadas de Raciocínio

(clique no título e resolva n charadas de raciocínio. Todas do tipo: "Três gatos comem três ratos em três minutos. Cem gatos comem cem ratos em quantos minutos?")

Quando Marte se aproxima... Por Sílvia Curiati


Pessoas impulsivas têm um grande problema: são impulsivas.
É o tipo de gente que deveria ser proibida de entrar no mundo, deveria viver num universo impulsivo cheio de trampolins, desconectado deste calculista e minucioso, num lugar onde o ato impensado, a palavra mal colocada, o texto enviado sem ser relido não causassem grandes danos a ninguém, porque chegariam a uma pessoa igualmente impulsiva que os entenderia e saberia compreender a gravidade ou não do tema. Conseguiria discernir entre a palavra real e a raivosa, entre a tranqüila e a exagerada, entre a carinhosa e a cheia de paixão, entre a opinião real e a forjada. Não é tão complicado. Conhecendo um pouco a pessoa com quem se está falando, dá pra saber o que ela quer dizer, ou o que apenas saiu de sua boca.
Com isso o mundo real seria habitado por pessoas normais, que ouvem e entendem aquilo que foi falado com absoluta certeza de que é este mesmo o significado que o outro quis dar. Seriam mais felizes e não haveria nenhum desentendimento de caráter verbal. São os que mais machucam.
O mundo real seria mais correto se nós, impulsivos, não existíssemos. Haveria menos perdas, mais confiança.
Eu, pelo menos, me machucaria muito menos. E certamente não machucaria ninguém.
Não sou do tipo que pensa mil vezes antes de escrever ou de dizer algo. Falo coisas movida pela sensação do momento. Muitas, incontáveis vezes, elas saem da maneira errada. Outras tantas, falo o que vinha guardando há muito e não tinha nenhuma vontade de externar. Ultimamente tenho quebrado a cara com isso, e vale de lição.
Em alguns casos, a solução deve ser dexistir...

segunda-feira, novembro 21, 2005

Esperar - Por Liannara Duarte

es.pe.rar (lat sperare) 1 Ter esperança em, estar à espera de, contar com 2 Aguardar 3 Estar na expectativa 4 Contar, obter; ter como certo ou muito provável conseguir: 5 Confiar no auxílio ou proteção 6 Conjeturar, supor 7 Estar de espera (emboscada) para acometer. 8 Estar na fase final da gravidez.

Esperei para nascer. Esperaram minhas primeiras palavras e os meus primeiros passos. Esperei para crescer. Esperei o meu corpo crescer. Esperamos um grande amor e uma voz no ouvido, esperamos as agonias da paixão. Esperamos um sentido para respirar ter algum sentido além de receber ar e expelir gás carbônico.
Espero ter coragem. Esperamos crer. Esperamos a noite chegar. Espero para ler um livro. Esperamos que toque aquela música. Esperamos os risos e as lágrimas imprescindíveis.
Esperamos para falar o que não devíamos ou queríamos. Espero as possibilidades, e as impossibilidades também.
E espero para viver, para sentir, para morrer. Esperando o tempo de cada coisa. A espera, angustiante. Esperar e re-esperar. A velha quimera de ser feliz,sempre.
Esperar, como diz uma canção que ouvi por aí, contratos feitos com o tempo.
Joguemos nossos dados, façamos alguma coisa.
Fonte: www.metaphoras.com.br